O alto uso de viagra entre jovens e seus riscos.

Nos últimos anos tem se visto o aumento do uso por jovens que se dá por diversos fatores: disfunção erétil, insegurança, alta cobrança e também pelo uso recreativo, essa é uma crise silenciosa.

O viagra, medicamento criado em 1998, foi e ainda é vendido com a recomendação para uso de disfunções eréteis, geralmente utilizado por homens mais velhos, por questões hormonais, embora disfunção erétil não tenha idade. Nos últimos anos tem se visto o aumento do uso por jovens que se dá por diversos fatores: disfunção erétil, insegurança, alta cobrança e também pelo uso recreativo.

Tomar viagra pode causar aceleração da frequência cardíaca, além de dores musculares e de cabeça. Mas o maior efeito colateral, segundo o Dr. Jairo Bauer, é de ordem psicológica, levando a uma relação de dependência na qual o jovem não se sente mais apto a transar sem o medicamento.

Apesar da disfunção não ter idade, o que se observa é que vem crescendo o número de jovens que já iniciam suas vidas sexuais utilizando o medicamento. E isso tem total ligação com fatores como: ansiedade, medo de broxar e se sentir menos homem, de ser julgado pela outra pessoa. Por isso, a pressão por um ideal de masculinidade inalcançável mais uma vez se mostra prejudicial, a saúde mental e física do homem.

Para comprar esse medicamento é necessário recomendação médica, mas não há fiscalização para a garantia dessa regra. O que mais preocupa nesse cenário é que os jovens estão utilizando de forma recreativa, para se divertir, misturando com bebida. E recentemente entrou na moda o "melzinho do amor", um mel que aumenta a libido, e que descobriram recentemente que contem traços do viagra.

O alto consumo de álcool entre jovens também explica o aumento de consumo de viagra. Com a bebida, o desempenho sexual fica inibido e os então jovens recorrem ao medicamento como forma de compensação, naturalizando a necessidade do "azulzinho".

Carmita Abdo, coordenadora do programa de sexualidade da USP, explica em uma entrevista ao UOL que esse aumento de consumo de viagra nas relações heterossexuais tem ligação com o aumento de mulheres experientes sexualmente, e os homens não querem aparentar serem menos experientes, ou ineficazes.

Precisamos cuidar da nossa saúde mental e física, entendendo que não precisamos provar nada a ninguém, que broxar não é um problema e que a relação sexual pode ser maravilhosa sem o medicamento.


publicado em 28 de Agosto de 2021, 19:44
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João Marques

Escritor, pesquisador da psicologia das masculinidades e questões raciais.


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