"Minha namorada começou a fazer pole dance e estou com ciúmes. Como lidar?" | Mentoria PdH #32

Sinto como se estivesse tentando impedi-la de ser quem ela é. Só que pra deixá-la ser quem é tenho que abrir mão de muito do que sou. Como achar o equilíbrio?

Pergunta da semana:

"E aí, beleza? Meu problema é o seguinte: 

Há alguns meses minha namorada começou a fazer aulas de pole fitness.

Achei interessante, a estimulei a ir e isso trouxe resultados muito positivos. Ela passou  a se sentir muito mais sexy, achou uma atividade física que gostasse de praticar, emagreceu e por conta disso passou a ter muito mais autoestima e ser feliz consigo mesma. E isso me deixou feliz.

Por estar muito empolgada com o que fazia, começou a querer postar videos e fotos de um movimento novo que aprendia ou algo do tipo no Instagram. E comecei a não gostar disso. Mas antes de aprofundar preciso acrescentar algo.

Eu sempre tive dificuldade de lidar com a exposição do corpo dela a terceiros e acho pole dance um negócio muito sensual.

No início do namoro não era algo que causasse problemas, mas com o passar do tempo isso cresceu. Não acho que esteja num nível crítico e nunca tivemos embates realmente significativos envolvendo  essas questões, mas sempre que surgia uma situação de exposição a mais do que o normal  do corpo dela, vinha um incômodo e eu acabava soltando um comentário ou outro sobre isso que ela passou a ver como uma tentativa de controle. E não gostou. E eu entendo isso.

Também nunca gostei desse ciúme que sinto em relação ao corpo dela. Nunca quis ser um homem controlador. E em todos os outros aspectos do relacionamento nós confiamos bastante um no outro e temos uma liberdade saudável. Mas quando o assunto é corpo dela me causa um absurdo desconforto que alguém além de mim tenha acesso a ele (mesmo que só visualmente). E odeio me sentir assim.   

Voltemos ao pole.

Depois de algumas conversas acabei cedendo e ela passou a postar o que sentia vontade, mas se comprometeu a se policiar em relação aos videos e me deu a liberdade para me manifestar sobre algum post que me incomodasse muito. ( Isso não quer dizer que sempre que me incomodasse ela excluiria, mas que tentaríamos chegar a um acordo sobre ele para que ela não se sentisse controlada demais e eu não me sentisse incomodado demais).

Ela é bastante compreensiva nesse ponto e seria injusto reclamar, mas ainda assim, muitas vezes sinto que sou eu que sempre tenho que ceder mais para  que o relacionamento continue bem. 

Entendo que não é saudável que eu esteja sempre com uma tesoura tentando podá-la. Não sei se é o melhor dos exemplos, mas o fato é que me questiono muito até que ponto, dentro de um relacionamento a liberdade dela é mais importante do que meu conforto. 

Eu vejo a situação pelos olhos dela e enxergo meu comportamento como abusivo, como se eu estivesse tentando impedi-la de ser quem ela é. E isso me faz querer ceder mais. Só que pra deixar ela ser quem ela é tenho que abrir mão de muita coisa do que eu sou. E isso me perturba. Como achar o equilíbrio nisso? Até que ponto estou errado ou não? 

E nos últimos dias ela passou fazer exercícios de pole com as colegas do estúdio no parque. E por mais que eu tente me manter em controle, e deixar que ela faça o que tem vontade, começou a ficar muito difícil lidar com isso. 

 Ela sempre tenta me tranquilizar e diz que os outros não tem o mesmo acesso a ela que eu. E sei disso, mas é difícil ser racional nessa situação. 

Enfim amigos, obrigado pela paciência de ler até aqui. Não procuro oráculos me dizendo o que fazer, mas preciso muito de  olhares de fora, opiniões diferentes sobre isso.  

Agradeço desde já. "

— Anônimo

* * *

Complemento especial sobre ciúmes e controle:

Anônimo, dê uma olhada nos links abaixo. Podem transformar a maneira como se relaciona, hoje e no futuro (pessoalmente, todos me ajudaram muito):

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publicado em 04 de Fevereiro de 2019, 13:37
File

Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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