Mamãe foi daquelas que sempre trabalhou.
Separada, chegava em casa às seis da tarde pra encontrar uma jornada a ser encarada sozinha. Eu era uma criança esfomeada e o jantar tinha de fazer parte da minha rotina, mesmo nos dias mais atribulados.
A vida corrida nunca foi motivo pra que ela me negligenciasse cuidados. Cresci ouvindo histórias antes de dormir, indo ao parque nos fins de semana, recebendo ajuda pra fazer a lição de casa. Não era diferente na hora de comer – lá em casa não tinha nuggets, salsicha, lasanha congelada nem refrigerante.
Imaginem vocês as vicissitudes e receitas rápidas que ela descobria pelo caminho. Não à toa, depois de anos vendo meu jantar ser preparado, agora eu poderia escrever uma lista de como roubar no jogo e preparar comida de verdade – daquelas que a gente compra na feira – bem rapidinho.
Depois do estrogonofe, achei urgente compartilhar nossa técnica banal pra fazer molhinhos de tomate, sem toda aquela enrolação de despelar tomate por tomate.
Muito além do macarrão, o molho vai bem com tudo: carne, legumes refogados, peixe cozido. Sua criatividade é que vai dizer no que misturá-lo.
Vamos à preparação?
Pra uma porção suficiente pra cobrir o macarrão de duas pessoas, você vai precisar de:
- Quatro tomates médios. O tomate carmem costuma ser melhor pra molhos, mas já fiz com tomate italiano diversas vezes e também fica ótimo. O importante é estar bem vermelhinho;
- Azeite, sal e pimenta do reino a gosto. Se você gostar da misturinha do tempero baiano, substitua pela pimenta do reino;
- Três dentes grandes de alho;
- Uma cebola média;
A primeira coisa a se fazer é picar tudo o que ainda estiver inteiro. Retire as sementes do tomate e corte-o em cubinhos – os menores possíveis –, e faça o mesmo com a cebola. O alho deve ser moído naqueles dichavadores de alho (esse instrumento é massa, mas, na verdade, você pode moer seu alho de qualquer outro jeito que quiser).
Forre o fundo de uma panela – que não pode ser muito grande, nem muito aberta, pra que não se evapore toda a água dos tomates – com azeite e jogue o alho e um punhadinho da cebola no óleo frio. Ligue o fogo médio e vá mexendo sempre, até dourar. Quando isso acontecer, adicione os tomates e vá alternando os movimentos entre mexer e amassar.
O tomate deve soltar água aos poucos e começar o processo de cozimento – se isso não acontecer, abaixe um tico o fogo e tampe a panela entre as mexidas – e, nesse ponto, você pode adicionar o resto da cebola.
Vá alternando entre mexer, amassar e tampar a panela por alguns segundos. Evite colocar água na mistura, pra que ela não perca o temperinho, mas, se tiver que fazê-lo, abaixe ainda mais o fogo e vá pondo água aos pouquinhos, colher por colher. Cuidado pra não por água demais, correndo o risco de ter nas mãos ao final do processo um caldo ralo.
Quando você tiver um molho cheio de pedacinhos de tomate, experimente-o pra verificar se sal e temperos estão agradáveis pra você. Caso não, ajuste, caso sim, deixe a mistura ferver por uns três minutinhos.
Depois disso, desligue o fogo e, para não quebrar o copo do seu liquidificador, deixe o molho esfriar por uns minutos. Assim que estiver morno, bata a mistura até que ela não tenha mais pedacinhos de tomate.
Você pode adicionar ao molho quaisquer ingredientes que gostar: linguiça cozida, azeitonas, carne moída já preparada, salsinha, legumes picados – eu gosto de por vagem e cenoura pré-fervidas.
Daí, se quiser voltar pro fogo pra comer quentinho, voilà!
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