Minha companheira não aguentou e pediu o divórcio | Mentoria #64

"Não fui muito presente. Demorei muito tempo para aprender a ser o companheiro que ela precisava, tempo de mais"

"Olá, tudo bem por aí?

Bom antes de mais nada vou me apresentar.

Meu nome é Raphael, tenho 30 anos, dois filhos — uma menina de 11 anos e um menino de três — com a mesma companheira que seguia comigo nessa jornada. Este ano faríamos 10 anos de casados e uns 13 de relacionamento. Estamos separados (ainda não divorciados, só falta assinar a papelada) a um ano. 

A cinco anos moramos no Japão e somos naturais de Cascavel, Paraná (menos o pequeno Benjamin que nasceu aqui na terra do sol nascente). Acho que muito já foi dito na apresentação.

Foto de Alex Knight.

Fui pai relativamente cedo (aos 19). Sim, foi por um descuido. Me casei sem ter certeza se amava ou não a companheira, só queria fazer o que achava certo. Mudei toda a minha expectativa de vida por conta disso, mas permanecemos juntos, tendo problemas no relacionamento, evidentemente.

Tivemos momentos maravilhosos também, porque hoje eu percebo o quanto fomos parceiros um do outro. No entanto nossas imaturidades (físicas, emocionais/psicológicas, sociais) vieram dar o ar da graça inúmeras vezes.

Hoje eu vejo que deveríamos ter pedido ajuda, uma terapia com psicólogo teria feito muita diferença e evitado traumas.

Eu estava no exército quando ela engravidou, eu cursava o NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva) e pretendia seguir carreira. Mas decidimos ter o filho e nos casa. Sabíamos que assim eu não poderia ir para os agulhas negras e ficar 4 anos em um internato. Aí abandonei este sonho. 

Um dia o meu capitão me chamou no gabinete dele, me apresentei e recebi a permissão para entrar. Ele me pediu para sentar, o que é muito incomum. Falou que sabia da gravidez da minha namorada e reclamou do meu desenho ter caído de terceiro melhor da turma para último.

Relatei tudo e ele compreendeu e perguntou como ela estava, respondi que estava bem e que meus pais a acolheram como uma filha. Então ele me pergunta: E você, como está? Engasguei, baixei a cabeça e chorei na frente do meu superior. Ele nada mais disse e me liberou. Terminei o curso em penúltimo lugar.

Sempre trabalhei muito, ralei para não deixar faltar nada, ou o menos possível em muitas épocas. Foi o que aprendi com o meu pai. Trabalhei rastreando veículos, em bares, jardinagem, técnico de informática, operário de fábrica...

Acabei traindo ela e confessando de culpa. Ela perdoou a primeira vez, a segunda vez... Eu fui muito babaca, admito.

Não fui muito presente. Demorei muito tempo para aprender a ser o companheiro que ela precisava, tempo de mais.

Aqui no Japão não me adaptei, mas escondia isso dela (ela que é descendente). O porquê eu não sei. Vergonha talvez. Eu trabalhava de noite (até a presente data), e ela de dia, assim só nos víamos nós finais de semana. 

Entrei em uma depressão silenciosa na qual quase tirei a minha vida. Se não fosse reviver uma paixão da adolescência — desenhar — eu teria me suicidado. Tinha decidido estudar com afinco entrar no ramo da ilustração, do qual eu tinha desistido na adolescência por achar que passaria fome.

Ignorando novamente a família, agora com dois filhos. Minha companheira não aguentou mais e pediu o divórcio. Eu nada pude argumentar pois dei muitos motivos para isso. 

Ela vai para o Brasil dia 7 do mês que vem e eu vou ficar para pagar as dívidas e cumprir os contratos que temos. Irei para o Brasil aproximadamente daqui um ano e, assim, assinar os papéis do divórcio. 

Muitas pessoas entram em contato comigo, algumas com proposta amorosas. Mas estou um caco por dentro. Como diz a música: "Não aprendi a dizer adeus, mas deixo você ir, com lágrimas no olhar... "

Ficarei aqui sozinho, trabalhando... Tenho medo de perder a cabeça e me matar. Meus filhos são tudo o que tenho. As vezes mal dá de respirar.

Por conta desse tremendo mal estar acabei estragando a já abalada relação com ela e já estou bloqueado em todas as redes sociais, com a exceção do WhatsApp para comunicação direita. 

Enfim, estou desorientado...

P.s. Quero quando voltar a minha terrinha criar um grupo de acolhimento de homens para uma reflexão sobre masculinidade, assim como o Memoh, Brotherhood e afins"

Que conselhos você daria para o Raphael conseguir encontrar uma direção para seguir em meio a todas estas mudanças?

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publicado em 07 de Outubro de 2019, 01:35
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