"Olá,
Eu faço parte de um time de pessoas jovens e que considero bem instruídas. Trabalhamos em uma organização que tem valores muito fortes em relação a respeito com minorias e diversidades, sendo essa uma das pautas principais do nosso trabalho.
Ainda assim, hoje, toda minha equipe recebeu a notícia da demissão de um dos colegas. No fim é de um dos irmãos. Somos uma empresa família, muitos de nós moramos juntos também, inclusive ele morava na mesma casa que eu. O motivo da demissão: ele assediou uma das colaboradoras.
O caso foi bem impactante, porque estamos todos em posição de liderança e visibilidade, o que causou ainda mais estardalhaço. Nosso chefe comunicou a demissão, ele se desculpou com todos hoje e saiu. A equipe toda abalada, principalmente as mulheres. Acredito que até pelo fato de ele ser considerado um dos homens mais atentos à pauta feminista.
O ponto que gostaria de entender é sobre o que sinto agora: sei que ele está errado e concordo com a penalidade que ele vai sofrer, mas ao mesmo tempo não consigo deixar de me sentir triste e querer ajudá-lo.
Homem que assedia deve ser abandonado mesmo e o sentimento de compaixão e querer ajudá-lo é só mais um vez mais um macho passando pano para os outros?
O que é certo sentir nessa hora?
Os sentimentos deveriam ser contraditórios, mas estão os dois presentes na maneira que sinto, isso é errado?
Obrigado desde já pelas respostas de todos. :)
F."
Antes de responder, uma recomendação:
Este, de fato, é um tema espinhoso. Não é algo que normalmente vemos brotar em uma conversa casual e, sim, tem o potencial de levantar defesas bem hostis. Temos um material preparado especialmente com esse tipo de situação em mente:
O livro-ferramenta "Como conversar com homens sobre violência contra as mulheres"
Baixe aqui a versão desktop, melhor pra ver no computador.
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O livro oferece caminhos práticos para dialogar com quem sofreu e também com quem cometeu abuso, explica o que é o ciclo da violência e indica sinais comuns de abuso. Além disso, conta também com um mapeamento nacional com mais de 50 grupos reflexivos para homens autores de violência, realizado em parceria com o professor e pesquisador Adriano Beiras, da UFSC.
Como responder e ajudar no Mentoria PdH
(leia para evitar ter seu comentário apagado):
- comentem sempre em primeira pessoa, contando da sua experiência direta com o tema — e não só dizendo o que a pessoa tem que fazer, como um professor distante da situação
- não ridicularizem, humilhem ou façam piada com o outro
- sejam específicos ao contar do que funcionou ou não para vocês
- estamos cultivando relações de parceria de acordo com a perspectiva proposta aqui, que vai além das amizades usuais (vale a leitura desse link)
- comentários grosseiros, rudes, agressivos ou que fujam do foco, serão deletados
Como enviar minha pergunta?
Você pode mandar sua pergunta para posts@papodehomem.com.br .
O assunto do email deve ter o seguinte formato: "PERGUNTA | Mentoria PdH" — assim conseguimos filtrar e encontrar as mensagens com facilidade.
Posso fazer perguntas simples e práticas, na linha "Como planejo minha mudança de cidade sem quebrar? Como organizar melhor o tempo pra cuidar de meu filho? Como lidar com o diagnóstico de uma doença grave?" ?
Queremos tratar também de dificuldades práticas enfrentadas por nós no dia-a-dia.
Então, quem tiver questões nessa linha, envie pra nós. Assim vamos construindo um mosaico mais amplo de assuntos com a Mentoria.
Essa Mentoria é incrível. Onde encontro as perguntas anteriores?
Basta entrar na coleção Mentoria PdH.
F., um presente pra você:
Vamos te enviar por email o ebook "As 25 maiores crises dos homens — e como superá-las", produzido pelo PdH.
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Para conhecer mais sobre o conteúdo do livro e tudo que vai encontrar lá dentro, leia esse texto.
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publicado em 27 de Abril de 2020, 00:05