Em julho de 2008 eu escrevi um artigo que defendia por meio de argumentos, experiências e conhecidos exemplos, a impossibilidade de existir amizade entre homem e mulher sem atração sexual.
Já se vão três anos. Amigas e mulheres passaram na minha vida. Mudei de cidade, corte de cabelo e trabalho.
Mas ainda quero comer minhas amigas.
O que me motiva a relembrar esse tema é uma exibição no meio da última madrugada de When Harry Met Sally, comédia de 1980 e talvez a melhor do gênero. Harry Burns, o personagem interpretado pelo genial Billy Crystal, personifica com uma perfeição absurda o papel de amigo da mulher. Logo no primeiro diálogo, na viagem até NY, ele deixa claro: “nós vamos transar”.
É claro que iam.
O fato fica ainda mais provável durante as teorias apresentadas na primeira metade do filme. A sinceridade de Harry é assustadora para Sally — papel de Meg Ryan. Para Sally e para todas as mulheres. Afinal, a mulher cresce com a imagem romântica do homem. Da importância do companheirismo sem querer algo em troca. Já o homem, bom, o homem sempre quer algo em troca.
Mas não é por maldade. Não é egoísmo. Um homem, qualquer que seja, não consegue ter uma amiga gostosa sem vontade de comê-la.
— Quer dizer que o homem só pode ter mulher feia — questiona Sally e todas as mulheres do mundo.
— Não. A gente comeria as feias também — ponderaria Harry, para a vibração dos incentivadores da causa.
Existe uma linha tênue e indecifrável que não pode ser ultrapassada durante o seu relacionamento com a amiga. É basicamente uma margem de segurança que elas cultivam com a proposta de evitar qualquer atitude maliciosa sua.
Eu explico.
Uma amizade não resume-se em acompanhá-la no shopping, levar para tomar sorvete ou formatar o computador. Amizade é fazer parte dos momentos mais importantes da vida dela. Você, de modo inocente e sem perceber, acumula créditos fazendo isso. O grande problema é que o critério de debito do saldo é diferente na visão do homem e da mulher. Qualquer pisada na bola, por mais besta que seja, pode jogar para o alto os anos de dedicação.
E aquilo tudo que você fez? As vontades e frescuras dela suportadas? Foram em vão? Foram. Seu idiota. Quanto mais você se aproximar, maior será a queda. Lembre-se de estar sempre atrás da linha. Vivemos numa sociedade não preparada para o sexo casual. Sexo entre amigos é visto como ultrajante, impróprio e fato passível de uma briga no futuro. Sentir tesão pela amiga, então? Parece um crime.
Link YouTube | “Eu quero o mesmo que ela, por favor”
Considero essa cena emblemática para o que estamos falando. No filme, trata-se do timing point que transforma a relação, até então de inicio de amizade, em competição. A imagem de conhecidos transforma-se na cena perfeita de um casal disputando a razão. A mulher, eternamente mais competitiva, chega ao ponto de fingir o orgasmo para provar estar certa. Somente a vitória a satisfaz.
Essa lição é brilhante. Pois esclarece que, para a mulher, a amizade é apenas amizade. É uma utopia imaginar que seu melhor amigo, um cara que sempre a entendeu, fez sorrir e é companheiro, também a deseja. Onde está a parte do sofrimento em busca de uma paixão quando a pessoa que mais te faz feliz é o seu amigo?
O amor é difícil, sim, mulheres. Mas talvez não seja necessário o sofrimento. Você pode ter a sorte de no melhor amigo ter o melhor homem.
Não seja tão complicada. Dá pra ele logo.
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