4 lugares que você deveria visitar em Jerusalém

O destino turístico vai muito além do Muro das Lamentações

Jerusalém é uma das capitais mais famosas e incríveis do mundo. Já conheci Paris, Madrid e Lisboa, mas posso afirmar que Jerusalém (ou Yerushalayim, como é chamada pelos judeus religiosos) não deixa nada a desejar.

Além da beleza, dos aspectos históricos e da importância para três das maiores religiões monoteístas do mundo, esta é uma cidade que desperta paixões dentro de um conflito geopolítico que já dura gerações.

Hoje, o território esta sob controle israelense (desde a guerra dos Seis Dias), mas ainda se encontra dividido entre a parte árabe e a parte de maioria judaica. Também existem outras divisões; entre cidade velha e cidade moderna de Yerushalayim, entre bairros de judeus ultra-ortodoxos e bairros de judeus Dati Leumi (sionistas religiosos). Divisões não faltam.

Se estiver disposto a ver e ouvir, vai perceber os muros invisíveis que separam os diversos grupos que vivem nessa cidade. Para conhecer mais sobre a história dessa capital, sugiro a leitura de “Jerusalem: A Biografia” escrito por Simon Sebag Montefiore.

Estive pela primeira vez nessa inesquecível cidade no verão de 2014. Estava estudando numa Midrasha (escola religiosa só para mulheres do movimento ortodoxo judaico) e, durante o período de cerca de dois meses, aprendi demais. Agora, sugiro quatro lugares para você visitar.

1. Kotel ou Muro das Lamentações

Certamente um lugar muito conhecido, o Kotel (ou Muro das Lamentações ou Muro Ocidental) é o segundo lugar mais sagrado para o judaísmo.

Conheci muitas pessoas que, depois de horas dentro de um avião e de toda a demora da checagem de segurança do aeroporto Ben Gurion, caminhavam imediatamente para a cidade velha para rezar no Kotel. É bem seguro – você é revistado para chegar na praça do Kotel e todos podem rezar lá, independente de sua religião.

Na foto dá pra ver toda a praça do Kotel. É um local seguro e acessível através de diversos caminhos – você pode chegar até este local a pé, de táxi ou de ônibus. No horizonte, você vê o topo do Domo Da Rocha, que é feito de ouro.

Esse é o Muro das Lamentações. Ela é divido em dois lugares, um local no qual os homens rezam e outro no qual as mulheres rezam. Você pode rezar nas preces da sua religião.

Uma das lembranças mais belas que eu tenho desse lugar foi quando saí dos túneis do Kotel – sim, você pode visitar o subterrâneo. O que vemos na superfície é uma pequena parte de um muro enorme e muito antigo! 

Senti como se tivesse literalmente emergido das profundezas da história. Quando respirei o ar frio da noite de Jerusalém, vi a lua cheia no horizonte enquanto ouvia o som do chamado de orações da Mesquita. Não entendia uma só palavra, mas o conjunto, a imagem que via, era bela demais.

Para chegar ao Kotel eu sugiro que você caminhe pela rua Jaffa.

2. Rua Jaffa

É uma rua que cruza vários pontos da cidade de Jerusalém. Extremamente movimentada e muito segura, lá dá pra encontrar restaurantes dos mais diversos tipos, sorveterias, hostels, padarias, lojas e também ver pessoas bonitas.

A rua também dá acesso a um trem que cruza a cidade moderna de Jerusalém de norte a sul, passando por bairros árabes e judaicos.

 

3. O teatro de Jerusalém

O Teatro de Jerusalém fica na rua Chopin, no bairro de Old Katamon, e não é muito conhecido pelos turistas. O prédio é enorme e moderno, e abriga teatro, salas de cinema, sala de conferência, um restaurante e uma pequena livraria. Mas não espere ver blockbusters – geralmente, os filmes que passam por lá são pouco conhecidos.

Amei esse lugar porque sou o tipo de pessoa que, quando chega numa cidade, a primeira coisa que busca é sua vivência cultural. É uma delícia caminhar pelas belas e calmas ruas do bairro num final de tarde de verão, depois de perder algumas horas buscando um livro interessante ou o CD de jazz e depois jantar no restaurante do museu. Ou, se preferir, ir ao bar que fica ao lado do museu com os amigos.

4. The Book Gallery

A galeria de livros antigos e raros, numa rua adjacente à famosa King George Street (rua onde ficam os principais hotéis de Israel), é uma das mais famosas livrarias de Jerusalém.

Se você for realmente apaixonado por livros, sugiro que tire uma manhã ou uma tarde inteira para explorar as maravilhas desse lugar. E se for um apaixonado por livros que tem rinite alérgica (assim como eu), sugiro que leve um anti-histamínico.

* * *

Tenho ainda cinco dicas muito importantes para você que quer conhecer Jerusalém e que vai terminar se apaixonando por essa cidade.

  1. Tenha toda a paciência do mundo ao desembarcar no aeroporto Ben Gurion. Os israelenses levam muito a sério a segurança e vão lhe fazer muitas perguntas no aeroporto.

  2. Em todos os lugares (prédios, lojas, museus…) você vai ter a sua mochila ou bolsa revistada. Lembre-se: segurança!

  3. O melhor (e mais barato) jeito de conhecer a cidade é caminhando, mas planeje por onde você vai andar, já que nem todos os bairros são seguros ou talvez você não esteja vestido apropriadamente para passar por um determinado bairro. Pra isso, vale usar ferramentas como o Google. Se você não se importar com gastos extras, você pode usar taxis para se locomover, mas cuidado – taxi é muito caro em Israel!

  1. A maioria das pessoas sabe falar inglês. Tente aprender algumas palavras em hebraico, mas não se desespere se não conseguir falar muita coisa, a língua é realmente difícil.

  1. Israel é uma democracia, você pode criticar o governo e comprar qualquer livro que você quiser. Contudo, a segurança cobra um preço: talvez Fareed Zakaria esteja certo, muitas democracias podem se tornar ilibareis. A geopolítica de Israel não é nada agradável e um conflito pode começar enquanto você estiver viajando, como ocorreu no meu caso. Não encurtei a minha estadia lá por isso, mas você pode sair mais cedo do país. Se você escolher ficar, saiba que os israelenses são muito resilientes e vão sempre buscar lhe ajudar. Peço que você ouça o som das sirenes de emergência antes de viajar para que saiba identificar o som que sinaliza que você deve correr para um abrigo o mais o rápido possível.

Viajar para Israel é uma experiência incrível, única e que vai te modificar para sempre. Se você for pró-Israel, visite Israel, conheça a Israel real. Se for contra Israel, visite Israel também, conheça a Israel real.

Se você não estiver nem aí para porra nenhuma de política, visite Israel (nesse caso, preferencialmente Tel Aviv, dance, beije e nade nas praias dessa cidade também bela).


publicado em 07 de Abril de 2016, 06:55
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Nina Avigayil Lobato

Escritora. Apaixonada por literatura e política. Adoro ouvir e absorver o mundo ao meu redor. Nunca vou me esquecer dos momentos em que caminhei sozinha pelas ruas de Jerusalém ao som de Bob Dylan e Lou Reed. Contribuo para o Times of Israel e escrevo no meu blog pessoal.


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