E tem a história do Bruno e da Ariel. Eles se conheceram em uma viagem de negócios, ambos longe de suas cidades. Não rolou nada, só uma atração básica. Começaram a se falar pela internet.
Daqui a pouco, a atração foi crescendo e Bruno, de São Paulo, achou que valia a pena ir pro Rio só pra reencontrar Ariel. Foi uma delícia. Andaram pela cidade de mãozinhas dadas, conheceram as praias, fizeram turismo, se beijaram muito.
Lá pelas tantas, Ariel perguntou:
Bruno, você tem namorada?
E ele: você quer que eu diga a verdade, ou o que você quer ouvir?
O que eu quero ouvir…, ela suspirou, apaixonadinha.
E ele disse que não, não tinha namorada, claro que não.
Mas tinha sim, estava apaixonado por ela e planejavam se casar no fim do ano.
Ao longo do dia, várias vezes, Ariel se aninhou no corpo de Bruno e perguntou, bem dengosa: ahhh, tem certeza mesmo que você não tem mesmo namorada? Você tem a maior cara de namorado…
E ele respondia: claro que não, meu amor!
À noite, foram para o quarto de hotel que Ariel já tinha arrumado para ambos. Depois de um dia inteiro de beijos, passeios e esfregações, Bruno estava morto de tesão.
Infelizmente, Ariel tinha lido na Nova ou na Capricho que não se pode transar no primeiro encontro. Eles trocaram mais beijos e esfregações mil e depois dormiram agarradinhos: nada de pau na boceta.
Bruno não gostou muito da surpresa, mas aceitou bem. Não era nenhum troglodita, gostava demais da menina, o dia tinha sido delicioso, tudo bem. Ainda faltavam dois dias inteiros.
Na noite seguinte, cartão vermelho de novo. Bruno começou a contabilizar os custos da viagem da cabeça. Já estava em R$800. Porra, devia ter vindo de ônibus, ele pensou.
Ariel ainda perguntou: você está chateado comigo por a gente não transar?
Bruno foi bem sincero: não, se foi porque você não sentiu vontade ou não bateu tesão. Sim, se foi porque você está preocupada com o que eu vou pensar.
Puxa, disse ela, admitindo tudo, mas o que você iria pensar de mim se eu fosse logo correndo pra cama com você?
Depois disso, o clima ficou meio chato. A menina tinha 21 anos, novinha, ainda não tinha se livrado dos preconceitos que enfiam na nossa cabeça durante a adolescência.
Enfim, Bruno voltou pra São Paulo puto da vida, tomou o maior o prejuízo e riscou o nome de Ariel da sua lista. Chega de mulher complicada.
Poucos dias depois, enquanto ele assistia televisão abraçadinho com a namorada, toca o telefone. Era Ariel, ligando de um shopping ali perto. Tinha vindo pra São Paulo de surpresa, só pra vê-lo.
O homem ficou azul, vermelho, verde, todas as cores. Inventou uma desculpa para namorada, correu pro shopping e tentou bater uma real na Ariel:
Olha só, no Rio, eu posso até mentir pra você, mas em São Paulo eu tenho que te falar a verdade: eu tenho namorada e a gente vai casar.
Então, aconteceu: ao Bruno se revelar um canalha adúltero e mentiroso, Ariel se viu subitamente livre de toda pressão para impressioná-lo com sua castidade e pôde se entregar despudoradamente ao tesão que sentia por ele.
Foram para um motel e foderam como dois coelhos ninfomaníacos.
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