Violins é uma banda de rock brasileira, de Goiânia. Tão Lado B que, em quase uma década de carreira, dá pra contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que tocaram em São Paulo.
Tão Lado B que a música mais ouvida do álbum novo, disponibilizado por completo no SoundCloud, tem pouco mais de 2000 plays.
Mas o que lhes falta em popularidade, sobra em talento.
Fico até meio puto. Confesso que tenho um “complexo de hipster invertido” com Violins – em vez de ficar puto porque uma banda que eu curto está ficando muito popular, eu não entendo por que mais pessoas não a conhecem e adoraria que ela tivesse mais fãs.
Tudo bem que não é a banda mais fácil de se ouvir. Não combina com dias de sol ou com muita felicidade. Não dá pra ouvir sorrindo. O rock da Violins tem um baixo tão pulsante e grave quanto os meus batimentos cardíacos.
Ouça aqui e tire a prova:
A banda mais produtiva do Brasil
Mesmo sem uma legião enorme de fãs exigindo novidades ou uma agenda lotada de shows e aparições na mídia, a Violins tem sido diligente na sua produtividade. De 2007 até 2012, tivemos um álbum por ano. Exceto em 2009, mas dá pra relevar pelo seguinte fato: o álbum de 2008 foi duplo.
Pela ocasião do disco novo, todos esses álbuns estão disponibilizados no site para download gratuito. E não são álbuns quaisquer.
A Violins tem o costume de lançar álbuns mais ou menos temáticos, cujas letras tenham uma certa coesão poética com uma determinada narrativa. O primeiro disco, Grandes Infiéis (2005), por exemplo, lida com traição, em todas as suas diferentes formas – que podem ir bem além de um mero chifre. A Redenção dos Corpos (2008) toca nas feridas da espiritualidade e das crenças humanas, e por aí vai.
Mas talvez o mais porrada de todos seja o Tribunal Surdo (2007). O mundo não é apenas podre, mas certamente há um lado feio, grotesco, agressivo e ofensivo na alma humana. Neste álbum, as letras de Beto Cupertino vão direto na veia dessa realidade, falando sem vírgulas, hesitações ou meias palavras.
A pesada música “Grupo de extermínio de aberrações”, inclusive, rendeu a eles tanto a honra de “melhor música nacional” de 2007 do Scream&Yell (que também falou muitíssimo bem do álbum em si) quanto problemas com a lei, quando a letra artisticamente preconceituosa foi confundida com preconceito real.
Mostrei Violins para um número de pessoas. A maioria não gostou muito, confesso. Mas o curioso é a paixão desenvolvida pelos poucos que gostaram. Paixão semelhante à minha.
Se você tocar a corda Mi no seu violão, pode perceber que a outra corda Mi, se ambas estiverem bem afinadas, vai vibrar junto, porque está no mesmo tom. Acho que é uma analogia interessante.
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