Todos os dias milhares de toneladas dos mais diversos tipos de materiais são descartados em todo o mundo. Alguns vão pra aterros, lixões, ferros velhos e outros simplesmente são descartados irregularmente poluindo e contaminando o meio ambiente.

Esse sou eu, visitando um ferro velho | Crédito foto: Estúdio Pavio – Michael Arafat

Porém não é só o descarte irregular que traz problemas, a própria extração das matérias-primas desregrada, contamina e em muitos casos esgota os recursos naturais já limitados.

Se por um lado a vida moderna nos trouxe uma série inquestionável de benefícios e conforto, ela também traz consequências muitas vezes desastrosas ao planeta, e ironicamente afetando nossa qualidade de vida de forma negativa.

Dois fatores de consumo são preocupantes e nada animadores para um cenário futuro: cada vez mais temos pessoas no planeta, quanto mais pessoas, mais necessidade de consumo e consequentemente mais recursos naturais extraídos, mais poluição, mais lixo.

O outro fator é a forma como nossa sociedade moderna consome: ‘ter mais’, muitas vezes mais do que se precisa é ainda característico do ser humano, e explorando essa necessidade, esse desejo que vem lá do subconsciente, a indústria e o comércio (que dependem deste consumo para se manter e existir) explora através de estratégias mercadológicas, do apelo emocional e da obsolescência programada, praticamente nada mais é feito para durar muito tempo e assim, mantém-se girando as engrenagens que movem nossa sociedade consumista.

Este texto não é um chamado radical pra voltarmos às cavernas. É muito mais um convite para uma reflexão sobre a forma como consumimos e descartamos.

Você já ouviu falar sobre “upcycling” ou “upcycle”?

Crédito foto: Estúdio Pavio – Michael Arafat

Upcycling é o processo de transformar algo que estava descartado ou que seria descartado em um novo produto mantendo basicamente as características de como foi garimpado (formas, marcas do tempo…) sem empregar muita energia neste processo de transformação.

É um processo diferente da reciclagem, que ‘destrói’ o material para criar um novo produto.

O que conhecemos por reciclagem é o que pode ser chamado de “downcycle” (um ciclo abaixo, numa tradução livre).

Por exemplo: uma garrafa de vidro é moída para gerar matéria-prima para produzir uma nova garrafa ou outro material feito com este vidro reciclado. Já no upcycle aquele material que foi ou seria descartado ganha uma sobrevida, consequentemente evita-se a extração de recursos naturais.

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Todo mundo conhece, tem ou pratica alguma forma de upcyling. Um exemplo clássico são dos potinhos de sorvete utilizados para guardar feijão na geladeira e tantas outras utilidades criativas que vemos nas casas das pessoas, indo de reaproveitamento de copos de molho de tomate e requeijão ao infinito…

Uma outra forma bem tradicional e valorizada de upcycle é a reutilização de madeiras de demolição para decoração e produção de móveis rústicos e que ganham status e valor de artigos de luxo.

O upcycle é a característica de nossas criações aqui na Rust Miner

Nossos acessórios – colares, brincos, pulseiras, carteiras – são criados utilizando em partes ou no todo materiais que estavam descartados ou que seriam descartados. Em 2014 o PdH falou sobre a gente neste artigo aqui, e se desejar você pode acompanhar nosso trabalho no Instagram e também no Facebook.

Um vídeo sobre nosso processo de pesquisa, garimpo no ferro velho e produção das peças:

 

 

O belo vídeo foi feito pelo Jonathan Weldt, da Planar Filmes.

E aqui mais alguns registros de nossos trabalhos:

Crédito foto: Estúdio Pavio – Michael Arafat
Crédito foto: Estúdio Pavio – Michael Arafat
Crédito foto: Rodrigo Cattoni
Crédito foto: Rodrigo Cattoni
Crédito foto: Rodrigo Cattoni
Crédito foto: Rodrigo Cattoni
Crédito foto: Rodrigo Cattoni

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Uma coisa que precisa ficar muito clara pra todos nós é que não é só um grupo de ações isoladas, como o reuso, upcycling e a reciclagem que vão amenizar ou reverter a degradação do planeta. 

São necessárias ações conjuntas de governos, empresas e a sociedade como um todo. Cada um deve fazer a sua parte, o ser humano é muito criativo, pode e deve reverter este cenário. 

Só não podemos deixar pra começar a agir quando o planeta estiver em coma, porquê com o pézinho na UTI infelizmente ele já está.

Léo Begin

Apaixonado por artesanato, é artista plástico e artesão na <a>RustMiner</a>. É também MBA em Marketing e Negócios. "