Escute a versão narrada deste artigo feita em parceria com os caras do Vooozer, uma plataforma de audio criada para dar voz a internet.

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Estudos apontam já ser corriqueiro por demais checar o smartphone antes de dormir. É também sabido que o ato de verificar o aparelho celular logo ao acordar também virou hábito, um vício, quase necessidade fisiológica humana. E em tempos de "nossa, isso é muito Black Mirror" e "Mobile First", você tem que teclar gostoso, amigo.

Ora, para um relacionamento avançar, a pessoa do outro lado tem que ser atraente aos teus olhos, conversar legal, precisa ser uma boa companhia, possuir espírito parceiro, carece transar bem, claro. Mas vamos colocar todos os desejos em uma pequena lista que vai do essencial ao trivial e veremos a fatalidade da afirmação que soará repetitiva, mas você tem que teclar gostoso, amigo. Imagine, se não, como deixar a outra ponta interessada e molhada em concepções e julgamentos amorosos e sensuais sobre sua pessoa sem esse papo delicinha pelos mecanismos de conversa online? 

A noite no bar pode ser das melhores, os gracejos no trabalho serão sempre estimulantes, a primeira viagem juntos no final de semana, deus, vai ser safada de sexta à noite ao finalzinho do domingo, mas a maior parte do tempo, de fato, vocês passarão conversando pelo Whatsapp ou no Messenger. Não tem jeito. E serão essas conversas em meio ao ruído e o tédio que farão com que o interesse seja do mais robusto. 

E que teste, manter um bate-papo saboroso da meia-noite às cinco e vinte da manhã, fazer a outra pessoa escolher suas respostas à cama quentinha delas, cortar as horas de sono pelos seus recados danados, seja na putaria ou na simples arte de fazer o tempo passar. Atiça a curiosidade e a imaginação, a dilatação de nossas estruturas tubulares, a esquentação do sangue, o acaloramento. Ou uma simples madrugada de risadas com alguém que tá só afim de manter contato contigo. 

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A conversa via recadinhos virtuais é complexa e necessitada de aprendizagem pois, da mesma maneira que ela ejacula desejos, faz murchar até o tesão mais contundente. Basta observar a quantidade de reclamações quando se fala de aplicativos de paquera, em como é brochante a esmagadora maioria das parlas, a falta de vontade de prosseguir com qualquer brincadeira prazerosa, apaga qualquer vontade de dar ou de meter. Falta às pessoas gingado, timing, o entendimento dos múltiplos fatores que envolvem a conversinha fiada. 

O leriado bem levado faz a gente salivar, sentir cheiros, roçar o áspero do polegar nos dedos indicadores. Essa ladainha à distância ejeta os músculos das nossas coxas em pequenos sobressaltos na cadeira ou na cama, nos fazendo saltar e correr pra casa dela, pro carro dele, faz bater no nível mais preocupante a urgência de ser tocado, de encostar a mão, de sofrer atrocidades interessantemente provocadas pelo par, comprova o experimento condicional do Pavlov e quaisquer sons e notificações do celular nos fazem respirar errado e sorrir feito bobo na frente de qualquer um.

O amor vem em forma de balõezinhos em tela touch screen.

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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados