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Ser um cara negro e grandão, forte, "parrudo", faz do Diógenes um estereótipo. "Bom, já que ele é assim, aposto que é um tipo machão, que sabe se impor nos locais e na rua, que usa seu tamanho para naturalmente intimidar as pessoas, além de alguma ferocidade que os negros carregam consigo". 

Que pensamento maluco.

O Diógenes é web designer e das pessoas mais doces e tranquilas. Tem sua fala eloquente, serena…

Até uma colega de sua esposa uma vez falou: "ah, mas você não é um negão negão, né?" e, quando ele perguntou o que era ser um "negão negão", teve a resposta: "Você não é mano, né? Você até fala de alguns outros assuntos, às vezes".

A expectativa é que um cara gradalhão seja mais agressivo no jeito de lidar com as coisas, que tenha um comportamento mais bruto e uma linha de raciocínio mais limitada.

"Ainda é uma questão pra mim, de vez em quando, de ser machão, de ser o viril, de ser o cara mais agressivo porque, às vezes, isso me incomoda e para as pessoas até assusta eu não ser esse cara mais machão, talvez por causa do meu tamanho".

E mais:

"As pessoas esperam que eu tenha atitudes mais expansivas, mais agressivas. E eu não consigo".

A complicada situação de não ser o que as pessoas esperam de você no simples ato de te olhar. O Diógenes segue sua vida com o lema de que não tem que agradar todo mundo, que não dá pra forçar algo que não é natural.

Ainda bem. Que bom podermos ser quem simplesmente somos.

E ainda tem uma segunda parte

É tanta coisa para se absorver de uma fala como esta que preparamos uma segunda parte da conversa com o Diógenes, em que ele fala de quando seguranças de um carro-forte acharam que ele tinha intuitos de assaltar um banco e da relação dele com sua mãe, uma mulher negra e nordestina que trabalha há mais de vinte e cinco anos no sistema prisional.

Leia também  Homens possíveis, mulheres mais livres: um convite à mudança em quatro encontros

Vale cada minuto:

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Para ler mais:

Serão os negros criminosos?, escrito pelo Alex Castro;

Como seria o mundo se você não estereotipasse ninguém?, escrito pelo Bruno Passos;

Senzalas & campos de concentração, escrito pelo Alex Castro.

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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados