Traduzi mais um Zen Pencils matador, dessa vez retratando a nossa geração e sua relação com as redes sociais e a internet, por Marc Maron.

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Nós estamos enfraquecidos, distraídos, sem foco, desesperados por atenção, buscando em algum lugar uma coisa que a gente não acha nunca. A gente pensa que viu algo especial e aquilo dura menos que um segundo. Isso gera compulsão. Somos todos .

“Pergunta rápida, internauta. Você sabia que o seu organismo é capaz de produzir uma droga muito mais forte do que a heroína?
Essa droga é natural, não tem quaisquer efeitos colaterais.
As pessoas pagam caro pra caralho, sonhando alcançar os mesmos estados físico-psíquicos que a endorfina nos proporciona. As endorfinas nada mais são do que poderosos analgésicos bioquímicos produzidos pelo cérebro – um dos descobrimentos científicos mais relevantes do homem. A massagem, os esportes, a música e, principalmente, fazer o que temos vontade são os principais geradores de endorfinas.
Endorfina nos faz sentir bem. A droga da felicidade é, em suma, fazer o que temos vontade. Somos viciados nisso.” – Somos todos viciados na droga da felicidade

Eles sabem disso. As coisas são projetadas para disputar nossa atenção e nos dar pequenas agulhadas de endorfina.

Tudo brilha, tudo pisca, tudo diz “hey, vem cá, olha pra mim”, seguido de um “bom garoto” após a obediência. E é claro que a gente obedece.

Não é à toa.

Ruído pode ser mais fotos de gatinhos, compartilhamento de piadas velhas ou comentários em portais, que podem ser produzidos por qualquer pessoa. Mas a pergunta é razoavelmente dirigida aos tais produtores de conteúdo, como eu aqui. Para Frost, a diminuição do ruído passa por layouts de sites mais limpos, uma escrita mais clara e sem tantos jargões e menos publicidade. Talvez pelo efeito TED de não ser permitido dar uma palestra por mais de 20 minutos, ele fala bem de leve sobre publicidade e a tal “economia da atenção”, mas a verdade é que por motivos óbvios é tabú falar que os anúncios são basicamente a origem de quase todos os problemas que ele mesmo enumera.
(…) Para que fazer um site todo compartimentado, cheio de áreas diferentes e entradas, em vez de colocar o texto como o principal, destacado, maior? Por que há tantos sites sensacionalistas, títulos que não entregam o que prometem, polêmica pela polêmica? Por que há um monte de posts superficiais sobre qualquer #trendingtopic do momento? Por que diabos ainda se produzem “posts-galerias”? Por que há tantos “formadores de opinião”, links que não são mais que uma coletânea de outros links?
Para atrair mais cliques a qualquer custo.” –Por que a internet tem tanto ruído

Não, sem falso moralismo.

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O dedo está apontado para nós. Sabemos que, para o bem ou para o mal – por melhores que sejam nossas intenções – alimentamos esse mecanismo.

Coincidência ou não, hoje nossa fanpage chegou a 200 mil likes. Um número expressivo, se é que é permitido dizer algo assim de números.

Seja lá o que isso signifique, espero de coração, que não sejamos por muito tempo apenas mais um proliferador de lixo e distração.

Nota do autor: agradecimentos à Mariana Ramos, que deu uma força com o Photoshop.

Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no <a>Youtube</a>