Há uns 5 meses o Gustavo Gitti me passou um vídeo que ficou rolando no meu desktop até umas semanas atrás, quando parei pra assistir.
Intangible Asset Number 82, nome do doc, é como a República da Coréia referenciou e catalogou a atividade de Kim Seok Chul, um xamã, percussionista e improvisador virtuoso de noventa e tantos anos.
O vídeo conta um pouco da trajetória do baterista de jazz australiano Simon Barker, mostra um tanto das experiências, aprendizados e pessoas que conheceu enquanto viajava a Coréia tentando encontrar Seok Chul. Ele conta como uma busca que começou por causa da música acabou por transformar não só a sua relação com a sua arte e seu instrumento, mas a sua vida inteira, o próprio jeito de se colocar no mundo.
Intangible Asset Number 82 from Daniel Kerr on Vimeo.
Sempre me sinto muito interessado por abordagens assim, motivadas não somente por um interesse técnico ou estético, mas que exploram a possibilidade de cultivarmos capacidades mais pervasivas, úteis nas várias áreas e etapas da nossa vida, usando atividades ou linguagens específicas como meios hábeis pra isso.
Será mesmo que a música só tem utilidade como objeto de apreciação estética? As artes marciais, só pra aprendermos a lutar? As habilidades de garçom, motorista, vendedor, médico, servem apenas nas horas do expediente? Nossas inteligências de mães, pais, namorados, amigos, são úteis apenas dentro dessas categorias de relação?
O Gustavo Gitti tentou descrever este processo mais detalhadamente no artigo Como levar duas vidas – recomendo bastante a leitura.
Isso tudo pra compartilhar com vocês o vídeo abaixo. Depois de ver o documentário, fui procurar mais material do Simon Barker, e isso aí me deixou bem impressionado. Um prato cheio para os amigos bateristas, percussionistas, músicos e interessados em polirritmia e ritmos complexos em geral. Veja a partir de 1 minuto:
Este outro vídeo também é bem legal. Barker manda um tributo, solo, e depois conta sobre sua jornada e encontro com Kim Seok Chul.
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