Às vezes esquecemos que os filmes que amamos, bandas geniais, livros que nos tiram o sono, seriados, animações ou projetos revolucionários com grandes impactos sociais um dia já foram um mero pensamento, que podiam ser resumidos em uma frase e ser recebidos apenas com um “ah, legal”.
Das raras vezes em que me lembro disso, me pego trazendo à tona o sentimento do autor, que tenta explicar aquilo que tem na cabeça e, por acaso, ainda não pôde trazer ao mundo.
Imagine só o quanto deve ser difícil.
Se for um filme, qual chance de convencer alguém com um punhado de palavras apressadas? Se for uma música, como explicar a catarse que pode provocar a junção dos músicos, acordes, melodias e instrumentos corretos? Como fazer alguém visualizar o sentimento que se pode proporcionar no beneficiado por alguma de nossas ações?
Imagine-se, então, no lugar de um jovem George Lucas, com uma ideia para um filme de ficção científica. Imagine-se tendo o trabalho de explicar para os outros que você não estava tentando fazer um filme de ficção científica. E que a história não se passava no futuro. E que também não era na Terra ou em qualquer outro lugar do universo como o conhecemos, mas sim há muito tempo atrás em uma galáxia muito distante.
Não deve ter sido fácil.
A jornada de George Lucas para tirar seu projeto do papel foi bem árdua, cheia de detalhezinhos, dificuldades técnicas e negativas por parte dos estúdios. Pra mim, ler sobre essas histórias é uma outra forma de consumir Star Wars.
Uma parte crucial na saga por trás da saga de concepção e apresentação das ideias foi Ralph McQuarrie, puta designer/ilustrador que criou toda a tão famosa estética da trilogia original e acabou influenciando outros filmes igualmente famosas como Star Trek, E.T, Cocoon e Indiana Jones.
Para compreender bem o quanto ele foi importante, basta saber que foi o pai do visual do Chewbacca, do C-3PO, do R2-D2, do Darth Vader – muito mais sinistro na versão desenhada por ele, Millenium Falcon – baseado na forma de um hamburguer mordido com uma azeitona espetada do lado, Cloud City e inúmeras outras criaturas, espaçonaves e locações.
George Lucas costumava dizer:
“Quando as palavras não expressavam minhas ideias, sempre podia mostrar uma das fabulosas ilustrações do Ralph e dizer: ‘faça desse jeito’.”
Ralph, infelizmente, não está mais entre nós. Morreu em 3 de março de 2012, aos 82 anos.
Olha só o que ele deixou.
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