O Quarto Negro é uma banda que tem nas músicas alguma coisa que vai doer em você.
Eu ouço bastante coisa e me engajo facilmente em conteúdo musical. O que quer dizer que costumo me envolver, aceitar e deixar o som fazer o papel dele. Porém, raramente fico entusiasmado, feito criança, com aquele gosto de quem encontrou algo valioso, cheio de brilho. Esse foi o efeito que o Quarto Negro conseguiu gerar em mim.
Ao ver o link deles pipocar pelas timelines da vida social da internet, dei o play e o que se sucedeu foi a sensação de ter achado algo importante. Quem tem o hábito de ouvir bandas menos famosas, garimpando fundo, acaba se deparando com várias produções que soam boas, mas geram uma sensação de faltar alguma coisa. Daí, por maior que seja a boa vontade, você acaba voltando aos figurões, as bandas gringas ou os caras de sempre. Duvido bastante que o Quarto Negro gere essa impressão. Na verdade, eles soam bastante completos.
Há aqui uma raríssima combinação de arranjos, letras e histórias. Seu coração vai doer. E, quando você menos esperar, vai lembrar daquilo que escondeu na fundo do baú das memórias. Depois de ouvir algumas frases que jogam imagens e narrativas, como num filme, eles descortinam paredes sonoras que colocam você nos mais profundos estágios de felicidade ou tristeza melancólicos. É um lugar mental bem específico e difícil de obter. Ponto para o talento deles como compositores.
Isso me chamou mais atenção ainda ao descobrir que eles não têm a menor pretensão de serem autobiográficos e transformar suas vidas em parte dessa narrativa, como se algo de especial estivesse acontecendo no cotidiano deles. Pelo contrário, quando perguntados sobre as letras, preferem se distanciar, posicionam-se como narradores, contadores das histórias que viram e ouviram de amigos, livros, filmes.
O risco que você corre quando der o play é de descobrir que uma dessas histórias é a sua.
Desconocidos (2010)
Esse é o primeiro álbum, lançado já há 4 anos. Foi gravado em Barcelona, em um processo que foi documentado em vídeo. A boa notícia é que um novo disco já está prestes a sair do forno. Se gostar, recomendo que os acompanhe e fique de olho.
Clipes
Documentário sobre o primeiro álbum, Desconocidos
Onde seguir os caras?
Quer compartilhar um som?
Uma das coisas mais legais e íntimas, pra mim, é compartilhar o que estou ouvindo. E acho o máximo quando alguém faz o mesmo comigo.
Nesse espírito de brodagem, sem compromisso, mas com amor no coração, achei que talvez fosse legal transformar esse impulso em uma coluna no PapodeHomem. Assim, aqui estou eu, compartilhando com vocês desse novo espaço: o Eu Ouvi Pra você.
A ideia é trazer quinzenalmente uma nova sugestão musical para se ouvir durante o dia, com todos os links que você precisa para conhecer e acompanhar de perto do trabalho do artista/músico.
Se você tiver alguma sugestão ou tem uma banda e gostaria de figurar por aqui, é só mandar um e-mail no euouvipravoce@papodehomem.com.br com tudo o que tem para mostrar.
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