Vivemos hoje, em certa medida, uma atmosfera na qual quem não se declara feminista ou é pego em uma atitude machista corre o risco de ser ridicularizado e humilhado publicamente. Talvez seja hora de dialogarmos melhor sobre isso.

Conseguimos escapar dessa sensação de cabo de guerra?

Por que estamos fazendo essa pesquisa?

Penso que criar uma atmosfera na qual demonizamos quem ainda não mudou ou não se interessa por isso pode ser um grande obstáculo para a própria mudança, de certo modo.

Não cabe a mim o espaço de dizer como as mulheres, ou quaisquer outros ativistas em prol do feminismo, devem ou não agir. 

Entretanto, posso compartilhar nossa experiência. Ano passado rodamos o Brasil em uma pesquisa quali e quantitativa, divulgada amplamente aqui no PdH. Escutamos mais de 20.000 pessoas. Os resultados nos mostraram que a sociedade brasileira se divide em cinco grandes grupos, com diferentes inclinações em relação à equidade de gênero. E mesmo no grupo que se declara mais feminista, notamos índice significativo de comportamentos machistas — assista aqui o trecho entre 27:14 e 32:30 pra entender essa conclusão.

Ou seja, crenças declaradas não significam que nossas ações estão de acordo com o que pensamos ou dizemos ser, necessariamente.

Todos podemos ter atitudes machistas, pois se trata de um problema estrutural, enraizado em nossas instituições e cultura – não se resume a uma questão pessoal. Somos seres inconstantes e, por vezes, contraditórios. Aceitar essa natureza em sua complexidade nos permite ter mais lucidez ao sonhar caminhos de crescimento, coletivamente.

Sabemos também que não é possível obrigar ninguém a se transformar. A pessoa precisa querer. Quando alguém não quer, acredito ser benéfico que haja espaço e respeito para essa escolha e para o tempo de cada um.

Portanto, como estamos no mês das mulheres, decidimos fazer um especial editorial cujo foco é ter uma conversa capaz de furar bolhas e escutar pessoas com pontos de vista radicalmente distintos.

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Nossa motivação é simples: criar pontes de diálogo e lucidez entre quem pensa diferente. É exaustivo seguirmos em brigas eternas, mal escutando os sentimentos e falas uns dos outros.

Ao escutar e entender o que se passa nas mentes e corações dessas pessoas, acredito que teremos melhores chances de pensar caminhos que nos ajudem a cultivar relações mais construtivas, saudáveis e amorosas entre todos.

Pra fazer isso acontecer, vamos precisar muito de sua ajuda.

Em menos de 5 minutos você preenche essa pesquisa e pode nos ajudar encaminhando pra um amigo(a)

A pesquisa é brevíssima. Pedimos que, após preencher, encaminhe pra pelo menos um amigo(a) que pense MUITO diferente de você.

Mas como enviar um pedido pra alguém cuja opinião eu tenha enorme dificuldade em lidar?

Com o coração aberto.

Envie sem julgar, apontar o dedo, condenar — se possível, inclua uma mensagem como "por ser seu amigo(a), confio que podemos abrir o jogo um(a) com o(a) outro(a) e dialogar de maneira construtiva, vamos lá?".

Ou, quem sabe, divulgue em suas redes sociais, enfatizando o ponto de que essa pesquisa quer escutar: quem é contra, quem apóia e quem é indiferente ao feminismo.

Sem mais delongas, cá está o breve questionário. Clique aqui ou na imagem abaixo pra preencher!

Clique aqui ou na imagem pra preencher, é bem rápido 🙂

* * * 

Vamos aceitar respostas até o final de março. Em seguida, realizaremos um Facebook Live abrindo os principais achados, que também serão divulgados no portal.

É por meio de um jornalismo construtivo e focado em soluções, capaz de acolher ao invés de criar mais inimigos, que aspiramos avançar, nesse e em outros temas.

Grande abraço!

Guilherme Nascimento Valadares

Fundador do PDH e diretor de pesquisa no Instituo PDH.