Vivemos na época da primeira geração de mulheres que não nasceu para agradar os homens. E como isso nos agrada! Publicamente, já foi apresentada a fabulosa safra  de mulheres 83/84, uma boa lista brazuca. Pessoalmente, eu incluiria algumas da classe 85, mas não acho que esse detalhe técnico seja relevante. Pelo menos, não agora.

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Nesse ano, a classe 84 entra em outra lista: a balzaquiana. Isso é um evento muito mais importante que Copa do Mundo e eleições. Vou ser mais específico para evitar minha tentação de prolixo: Scarlett Johansson, nascida em 22 de novembro de 1984, está fazendo 30 anos. É, meu-chapa-desavisado, você entendeu bem. A Scarlett está completando um aniversário redondo e não há nenhum feriado previsto; nem ponto facultativo no funcionalismo público, como se alguma vez chegasse a notícia de que algum funcionário público “facultasse” ir trabalhar em um ponto facultativo.

Também não há nenhuma comemoração na praia com fogos de artifício e muito menos um museu foi inaugurado em homenagem a Scarlett.

Arrisco dizer que ela é a Meryl Streep da nossa geração. Uma mulher humana que caiu na net e levantou para a vida no mesmo segundo. Cair sempre foi importante para quem tem envergadura. Envergadura moral, me refiro. A queda é uma demonstração de habilidade. Meu pai me ensinou que não se deve atravessar a rua sem ter a certeza que se conseguirá levantar com segurança, no caso de um tropeço, antes de ser atropelado pelo próximo carro.

Scarlett foi o Mustang que nos atropelou.

Cruzou pelo nosso pescoço com os quatro membros. Ela foi musa do Woody Allen, antes da Penélope Cruz em pessoa. E olha que a Penélope é da geração anterior. Tá bom! Tá bom! Quem sabe, ser musa do Woody Allen já não seja lá algo passível de louvor, mas também não se encaixa no registro moral da censura. Nunca foi preciso ser musa do Woody Allen para fazer filmes ruins. A Meryl Streep nunca foi, e fez pencas de filmes ruins.

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Nosso bom gosto desesperado pela Scarlett independente do seu desempenho diante das câmeras. Nossa adoração é a concretização de um projeto estético, envolvendo um mundo mais agradável para os olhos e para os ouvidos.

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Que voz, senhores! Imagina quando aprender a cantar!

É difícil saber o que há de correção ou incorreção na natureza da alma. Mesmo assim, parece ponto passível de convergência o fato elementar de a Scarlett estar entre as mulheres públicas mais bonitas de todos os tempos, ao lado de Marilyn Monroe e outras figuras que dividem o mundo em mulheres mortais e Entidades do sexo feminino – concedam em favor do argumento “Entidades” assexuadas, por favor.

Claro, lá no íntimo, nós sabemos que todas as entidades são mulheres.

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Everton Maciel

Everton Maciel é gaúcho e não suporta bairrismo. Só tolera bares que não permitem camisas polo. Nasceu jornalista, mas fez mestrado em Filosofia e mantém um blog próprio, <a>o Blog do Maciel</a>. Tem <a href="https://www.facebook.com/macielmacielmaciel">Facebook</a> e <a href="https://twitter.com/TomMaciel">Twitter</a>"