Para começar, vamos estabelecer um ponto de partida, ok? O racismo existe.
Seja na Europa, na África ou no Brasil, ele existe. E está provado por A + B em livros, na internet ou na sua própria vida.
Aqui, agora, vamos contar uma história que se passou nos EUA e de exemplos de lá, mas o problema passa longe de ser uma exclusividade americana. O racismo acontece pelo mundo afora e você faz um favor enorme pra todos nós se resolver admitir isso de uma vez e partir para o próximo estágio. Afinal de contas, não é nosso foco de hoje falar sobre as provas de sua existência.
Por onde começar?
Em primeiro lugar, para você se ambientar, gostaria muito que você assistisse a este vídeo. Produzido pelo Cracking the Codes com a pesquisadora Joy DeGruy, o vídeo descreve – muito bem – uma situação de racismo pela qual certamente muitas outras pessoas já passaram.
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Coloque-se no lugar
Imagine só ser negro, sofrer com o racismo em diversas circunstâncias da vida e nem se quer ser respeitado quando o que está em pauta é justamente: o racismo.
Agora imagine que você é mulher.
Agora, que você nasceu e cresceu na Carolina do Sul.
Agora, que você já está inserido nesse contexto há 106 anos.
Você viu e viveu tudo que mudou no mundo no último século, mas, ao contrário do que possa parecer, se adaptar às mudanças não foi seu maior problema. A dificuldade dos outros em se adaptar a elas é que te provocou sofrimento. Você sentiu isso na pele.
É o caso de Virginia McLaurin.
Alguém para admirar
Centenária, ela viveu pra ver os momentos de grande tensão racial durante todo o século 20 e no que já rolou do século 21. O surgimento de duas fases do Ku Klux Klan, o nascimento e a trajetória de Martin Luther King Jr., de Malcon X, assim como seus assassinatos.
Pobre e solitária, Virginia também teve que lidar com situações precárias de vida. Morava num velho edifício semi-abandonado. Vivia num apartamento cheio de infiltrações, umidade e infestado de percevejos. Dormia num colchão de ar, porque já tinha perdido a cama com as pragas.
Mesmo com problemas suficientes pra resolver, Virginia procurou gastar sua energia e permanecer ativa ajudando os outros. Há 20 anos se tornou voluntária numa instituição de caridade para crianças com deficiência mental. Lá – como não podia deixar de ser – se tornou rapidamente querida por todos a ponto de ser chamada de vovó.
Depois de ser ajudada por diversas pessoas que tomaram conhecimento de sua história, ela teve o apartamento reformado, recebeu doações e ganhou fãs em vários lugares do mundo. Apenas um último sonho na vida sofrida dessa mulher faltava ser realizado: conhecer Barack Obama.
Auto-proclamada fã nº 1 do presidente americano, ela foi convidada a visitar a Casa Branca para conhecer o casal Obama como parte das comemorações do Black History Month (Mês da História Negra), comemorado em fevereiro nos EUA (em memória à morte de Malcon X). Quando chegou lá, uma senhorinha radiante esbanjou felicidade e sabedoria.
O vídeo gravado e divulgado pelo governo americano viralizou na internet. Virginia colocou os Obama para dançar e inspirou a frase de Michele da qual compartilho:
Quando eu crescer, quero ser que nem você.
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