O dicionário define música como uma sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. Para um leitor ou ser insensível, talvez realmente seja. Mas são poucos o que conseguem ver na música valores e características tão terapêuticas quanto medicinais. Alguns ainda dizem que a música é a coisa mais importante de todas as menos importantes do mundo. Bobagem. Música é muito mais do que isso.

A música está aí não apenas para ser ouvida. Algumas bandas devem ser degustadas. Não se deve ouvir Pink Floyd, por exemplo, enquanto se lava o carro ou coloca água no feijão. Esse é o núcleo do som. O rebuscado da sequência de notas em paralelo com outros instrumentos.

George Harrison, digamos. Você não precisa saber uma palavra em inglês para ouvir George Harrison. Apenas deve-se ouvir. E devia ser lei uma coisa dessas.

Bob Dylan e George Harrison no Concerto para Bangladesh (1971, Madison Square Garden)

Parágrafo único: todo homem deve ouvir uma canção de George Harrison pelo menos uma vez no período de 24h. Na aplicação desta Lei atender-se-á precipuamente à organização institucional, aos interesses culturas, sócio-econômicos e intelectuais do Brasil, bem assim ao bem estar do ser humano.

Grandes líderes reuniam multidões. Seus discursos eram seguidos, admirados e, ao final, celebrados por milhares de pessoas. Adolf Hitler, Malcolm X, John Kennedy e, por que não, Barack Obama foram e são intelectuais contemporâneos, gênios que tinham um microfone na frente e o povo na mão. Cada um de sua maneira, evidente.

Porém, existe outra maneira de você ter o povo nas mãos. Com a música. Não basta e nem precisa ser um grande cantor. Você precisa tocar o coração das pessoas, tal Shakespeare fazia. John Lennon e Roberto Carlos não são as melhores vozes da músicas. Mas eles emocionam. Ainda. E isso cria seguidores. Amantes de algo, coisa rara nos dias de hoje.

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Assim sintetizou o cartunista Laerte quando disse estar ouvindo pouca música:

“Eu também gosto de música, mas não do que virou música. Essa presença compulsiva e compulsória de qualquer forma de som, o tempo todo, de todas as fontes em todos os volumes.
É por gostar de música que eu busco o silêncio.”

Link YouTube | Música pra parar o mundo, só digo isso.

* Publicado na coluna “Papo de Homem” do jornal Circuito Mato Grosso.

Fred Fagundes

Fred Fagundes é gremista, gaúcho e bagual reprodutor. Já foi office boy, operador de CPD e diagramador de jornal. Considera futebol cultura. É maragato, jornalista e dono das melhores vagas em estacionamentos. Autor do <a>"Top10Basf"</a>. Twitter: <a href="http://twitter.com/fagundes">@fagundes</a>."