Comecei a tirar foto quando era criança.
Desde cedo, em Teresópolis, no Rio, onde morava com meu pai, roubava as câmeras dele para usar de um jeito bem utilitarista. Eu, com meus 8 anos, só queria congelar momentos, fatos, coisas que me entusiasmavam naquele milésimo de segundo.
Uma formiga carregando uma folha. Exposições de carros antigos que meu pai frequentava. Pessoas engraçadas na rua. Meus bonecos nas posições de combate que eu montava, depois de horas de encaixa ali e acerta aqui.
Era um jeito infantil e singelo de praticar o olhar e registrar o que ele encontrava pelo mundo afora.
Com o tempo, superei essa paranoia infantil de que eu tinha de registrar coisas formidáveis que via pelas ruas. Ela perdeu o sentido à medida que cresci. As coisas foram ficando menos e menos incríveis. Perderam o brilho. Nada tinha mais a mesma cor que no Rio de Janeiro do início dos anos 90 – na verdade, nada tinha a mesma graça da minha cabeça e meus olhos de moleque de 8 anos.
Foi aqui, em São Paulo – anos depois – que ressignifiquei a fotografia.
Aos 24 anos, fazendo freelas em todo canto como designer, eu andava pelas ruas sempre apressado, afobado. Olhar para frente, destino certo. Sem tempo, encavalando trabalhos para pagar as contas. E São Paulo te ajuda nisso, de viver cronometrando os minutos, de subestimar as pequenas coisas, as ruas, as praças, de se desinteressar pelas pessoas.
É tudo tanto e o tempo todo, que chega a perder o encantamento.
Mas num dia sem muito enredo, uma ficha caiu.
Em meio a uma fase caótica, entre freelas sem sentido e dívidas a pagar, tomei uma decisão importante. Faria o que precisasse para resgatar pequenas coisas que me devolvessem o sentido e me fizessem praticar um olhar mais tranquilo, distraído e cuidadoso. Aquilo que eu tinha perdido em alguns poucos anos de São Paulo.
Fotografia foi o primeiro item da lista.
Para mim, passou a ser um exercício divertido e bem importante. Relaxar, observar, permitir. Traduzir alguma coisa de um jeito singular, através do meu olhar.
É essa noção que me fez criar um workshop de introdução ao mundo da fotografia.
Basta ter vontade e uma câmera.
Misturei teoria e prática de um jeito simples e objetivo. A ideia é que, depois de contar um pouco de termos técnicos e funcionalidades, passar pelo be-a-bá de uma boa foto, a gente saia pro mundo e pratique o olhar sabendo um bocado.
É amanhã, sábado, das 10h às 14h, no Estúdio Lâmina – um estúdio de arte incrível no centro histórico de SP. O lugar perfeito para umas boas fotos.
Nos vemos lá, para alguns cliques sem muita pretensão, mas com bastante história.
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