Abro o iTunes. Crio uma lista chamada inspiração. Coloco Led Zeppelin, Pink Floyd, Deep Purple, Guns, Foo Fighters e Chickenfoot.
Tenho a trilha sonora perfeita para escrever.
Crazy ways are evident/In the way that you’re wearing your clothes/Sipping, booze is precedent/As the evening starts to glow [Dancing Days – Led Zeppelin]
Essa é percepção de uma pessoa comum. Não sou um crítico musical. Não sei o nome de de todos os integrantes das banda que gosto (Paul Kossoff, Keith Moon, David Byron e John Bonham estão devidamente copiados aqui graças ao google) nem as nuances de suas histórias de vida. Mas eu sou apaixonado por boa música.
Nasci numa família onde quase não há espaço para o rock. Mas sabe aquelas trilhas que tocam no buteco da esquina e todos, num coral rouco e desordenado, cantam? Pois é. Cresci ouvindo isso. “Dama de Vermelho”, “Boate Azul”, “Galopeira”. O bom e velho sertanejo raiz. E por mais que destoe do que estamos falando, esse ritmo me ensinou a entender a música. Me ensinou, enfim, a ouvir.
Anos depois, não muitos, fui apresentado ao pop rock. Sem perceber – e bem timidamente –, minha mãe estava ajudando a fazer a primeira revolução musical em minha vida. Foi quando conheci postumamente Legiã Urbana e Cazuza. Suas letras, seu solos de três acordes, sua rebeldia quase sem causa, tudo parecia ter ligação com minha vida.
And I wonder when I sing along with you/If everything could ever feel this real forever/If anything could ever be this good again/The only thing I’ll ever ask of you/You’ve gotta promise not to stop when I say when [Everlong – Foo Fighters]
Ainda lembro a sensação de ver, pela primeira vez, um clipe do Foo Fighters. Em “Everlong” tudo começa suave. O ritmo cresce, o solo de guitarra gruda no ouvido, o vocal se solta, quase grita, e eu, do outro lado arrepio. Meu mundo virou de cabeça pra baixo. Fui em busca das referências de cada artista e acabei descobrindo a raiz de todos os problemas. Foi quando me deparei com os acordes do Led Zeppelin, a voz rouca do AC/DC, a profundidade do Pink Floyd. Sem perceber, estava apaixonado pelo hard rock.
O tempo passou. E eu sigo ouvindo as mesmas abandas.
Os tempos são outros. Não vivi essa época. Não vivi os anos 70. Hoje, vejo os clipes e show. Sinto inveja. Suas guitarras enérgicas ecoam, suas letras me tiram da realidade e a única coisa quem me vêm a cabeça é a frustração de não ver nomes dos anos 2000 nas lista de melhores do hard rock.
Pois faça uma lista de 100 melhores do hard rock.
Passam-se 10 nomes, Guns, AC/DC, Led Zeppelin. Passam-se 20, Deep Purple, Iron Maiden, Kiss. Passam-se 50. Não que isso seja ruim. Pelo contrário. Mas eu não estava lá quando eles estavam no auge.
Será que não há nada de bom na atualidade?
Ou somos uma geração de contenção?
Hiato.
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