O deserto mais seco do mundo está completamente inundado, enlameado, intransponível. 17 mortos, centenas de desaparecidos, milhares de desabrigados.
Talvez, no futuro, quando o clima do mundo entrar definitivamente em parafuso, lembremos esse marco:
“Depois que o atacama inundou em 2015, as coisas nunca mais foram iguais. Daí pra diante, não teve mais salvação.”
Na cidade de Copiapó, quase atolamos, mas conseguimos passar. O rio Copiapó transbordou e quase lavou a cidade do mapa. Todos os veículos circulam absolutamente enlameados, todas as pessoas, com máscaras no rosto.
Vale a pena lembrar: essa é a região mais seca do MUNDO.
Dormimos em Caldera, na costa do Atacama. Apesar de a cidade não ter sofrido danos, havia um toque de recolher às 21h.
Demos meia volta. Não conhecemos San Pedro de Atacama nessa viagem. Cruzamos os Andes de volta à Argentina em Mendoza.
* * *
Continuamos em Caldera, no Deserto do Atacama.
A rodovia Panamericana, também chamada de Ruta 5, estava interrompida um pouco ao norte, na cidade de Chañaral, onde o rio Salado transbordou. Os ônibus para o norte mal e mal recomeçaram serviço e já estavam todos lotados até 6 de abril.
Passamos por Copiapó, pegamos um pouco de lama e nosso motor em dez minutos começou a fazer um barulho esquisitíssimo e a aquecer.
Por algum motivo químico-geológico que ninguém sabe explicar direito, a areia do deserto, quando molha, transforma-se numa lama super dura que, basicamente, entope os motores.
Assim, paramos aqui Caldera por dois dias, para limpar o carro de alto a baixo.
No dia seguinte, demos meia volta e partimos rumo ao sul, em direção a Valparaíso, mas tivemos que passar de novo por Copiapó.
Abaixo, um vídeo absolutamente impressionante e inacreditável da força do rio Salado transbordando em Chañaral.
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