O curioso caso do peso e do preço do chocolate. Na matemática primária, aprendemos a calcular a média de valor de um doce dividindo o preço pelo seu peso. Um ovo de páscoa de quatrocentos gramas custar noventa reais enquanto uma barra de meio quilo não sai por mais de vinte desperta, todo ano antes da festividade religiosa, a ira de quem sabe fazer conta.

Eu mesmo, todo ano, caio nessa e saio dividindo e multiplicando toda vez que passo pelo corredor abarrotado e farto de embrulhos cintilantes e metálicos típicos deste produto. Me revolto, empino o nariz como se fosse o melhor dos ministros da Fazenda, feito um economista com Nobel debaixo do braço, faço pouco dos ovos e digo que nunca – NUNCA – me farei de otário e comprarei uma falcatrua daquelas.

Não é assim no amor?

Uma delícia deseja por todos, mas que a gente adora se enganar e comprar o mais caro, ir atrás do que dá mais trabalho, aquele que fica mais bonito na prateleira, que todo mundo vai parar no trânsito para querer ver você desfilar segurando na mão. E daí a gente lê este parágrafo e já se agita, percebe como é bobo ir atrás de uma relação assim, pelo status, pelos anseios culturais e sociais, porque o amor romântico pede esta condição, faz pesar sua influência. Daí lembramos também de como é difícil explicar para uma criança de oito anos que uma barra pesa mais que um ovo, que ela vai se dar melhor, vai ter mais doce, se levar o mais barato. Que brinquedo a gente compra por fora também. 

Nem sempre as coisas são fáceis. É muita pressão estrutural mesmo, muito Shakespeare na cabeça, que te, que dar certo mesmo dando errado, que tem que doer pra valer, que tá escrito nas estrelas, é muita Hollywood contando que vai brigar muito pra depois se entender nas comédias românticas, que precisa chegar no ponto de precisar correr no aeroporto, que precisa de fogos de artifício, que precisa de embrulho brilhante e formato oval para se obter o mesmo amor gostoso que tá na embalagem quadrada lá na prateleira.

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A gente gosta de um amor bonito, a gente procura por aí o êxtase, uma história única, a gente separa as pessoas para se aproximar daquelas que aparentemente tem tudo a ver conosco, a lista de filmes tem que bater, a sobremesa favorita tem que ser a mesma, a preferência por videogames ou museus, feito criança de oito anos que "precisa" muito do brinquedo específico dentro do ovo específico, mesmo que seja muito mais fácil (e barato e inteligente e saudável) pegar o chocolate e um brinquedo interessante separadamente.

A gente precisa urgentemente aprender a matemática do amor.

Esse pessoalzinho de humanas…

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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados