Há dias em que eu esqueço o sentido de fazer um trabalho como o que faço aqui no PapodeHomem. Nesses dias chego, sento na minha cadeira, brinco com as pessoas da sala do conteúdo, dou bom dia para todos, exatamente como em todos os outros dias. Igualzinho. A diferença, claro, é uma questão de perspectiva.

Pode parecer que é tudo a mesma coisa, mas não é. A lista de tarefas ir diminuindo no decorrer do dia não é sinal de que estou vencendo o trabalho. Isso pode simplesmente significar o mesmo que nada. Trabalho feito, metas cumpridas e só.

O foda mesmo é que existem outros dias. Dias em que a coisa faz absoluto sentido. Aqueles dias em que esqueço que estou trabalhando. São os dias que passam correndo. Os dias que me deixam com tesão, de pau duro mesmo, para fazer o que me propus a fazer. Gravar o PdH Sessions foi um desses dias.

 

Até quem não deveria estar trabalhando, estava. Palmas para as fotos do Felipe Larozza

De manhã cedo, a Luiza de Castro – videomaker com certificação oficial PapodeHomem – e eu, já fomos gentilmente recebidos com pãozinho e geleia pelo Felipe Larozza, o mano do Hostel Santa Maloca. Montamos nosso equipamento, fizemos trocentos testes, checamos tudo de novo, curtimos o medinho de que o ruído dos carros e do vento colocassem tudo a perder e em seguida almoçamos, para aguardar os caras do Mustache e os Apaches.

Quando eles chegaram, ficou mais do que óbvio o quanto seria divertido. Cinco caras sensacionais carregando instrumentos bizarros, rindo de tudo e tocando com a mesma naturalidade com que tomam uma cerveja.

Foi animal dar início às atividades e ver como as pessoas reagiam ao redor. Tiazinhas nos prédios acenando, as pessoas olhando enquanto caminhavam, os carros parando brevemente para dar uma espiadinha. É bem gostoso observar como a aposta de colocar uma banda como o Mustache e os Apaches em um local inusitado gerou efeitos nas pessoas que passavam.

Desde a sugestão do Guilherme, numa manhã como outra qualquer, até o momento de ver o video pronto, participaram várias pessoas dando opiniões, se envolvendo, brincando de massa de modelar. Para mim, o PdH Sessions tomou forma a partir desse desejo. Por isso, faz muito sentido afirmar, neste momento, que ele é consequência da aspiração de se aventurar.

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O processo de concepção e produção não poderia ser menos emblemático. Pudemos contar com muitas jornadas se encontrando. Desde a história do Jader e do Felipe com o Hostel Santa Maloca, passando pela dos garotos do Mustache & Apaches até a da Luiza e a minha própria. Pessoas das  mais inusitadas origens reunidas numa varanda.

Esse dia foi foda.

 

O PdH Sessions nas palavras de Guilherme Valadares

 

A ideia do PdH Sessions vinha sendo ruminada há tempos. Passa por nossa vontade de nos envolver cada vez mais com artes, criação. Tem a ver com o fato de pirarmos em performances casuais/despretensiosas/fanfarronas/inusitadas de artistas donos de um som incrível.
Lá fora já existem projetos espetaculares rolando: o Black Cab Sessions, o Mahogany, o Tenement, o Bookshop. Qualquer hora faço um post listando meus favoritos.
O fato é: sentimos falta disso no Brasil e resolvemos meter a mão na massa. Afinal, ficar reclamando do que não existe sem movimentar nada é um belo hábito de merda.
Sobre a produção em si desse primeiro PdH Sessions, devo dizer que fiquei especialmente impressionado com o excelente trabalho da dupla Luciano e Luiza. Pegaram o conceito no ar, abraçaram de peito aberto e fizeram uma produção a-ni-mal. Agradecimento especial ao Jader por nos ceder a laje de seu hostel, o Santa Maloca. E mais um para Anna, que descobriu e nos indicou Mustache & os Apaches.
Os caras são incríveis. Que bons ventos os acompanhem!

 

Para ouvir mais do Mustache & os Apaches

 

Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no <a>Youtube</a>