Mês passado abrimos uma vaga de design Jr. para trabalhar aqui no nosso QG e, durante a conversa sobre o que desejávamos para a vaga, surgiu a pergunta:

“Que programas o cara/mina precisa saber usar?”

Respondi que tanto faz, se a pessoa conseguir fazer a entrega que eu pedi no papel e caneta ele estava contratado. Pode parecer meio mala da minha parte, mas é a pura verdade. Hoje chegamos no nível de tecnologia e facilidade de informação que qualquer sobrinho com uma googlada faz qualquer coisa, o que inicialmente parece muito bom ficou bem ruim.

A mão vai na massa, amigão

Baixar um Photoshop e procurar um tutorial deixou muita gente preguiçosa e tudo na mesmice. Analisando os mais 50 portifólios que recebemos, 90% era igual. Os poucos que se destacavam conseguiam isso justamente por que saiam do digital.

Quem está no mercado há algum tempo já percebeu que o segredo do sucesso é voltar às origens, meter a mão na tinta, se apegar ao artesanal, desconstruir e, aí sim, trazer algo novo. Ilustração tradicional, xilogravura serigrafia, colagem, origami, estêncil, caligrafia…

Não importa a técnica. O lance é sair do digital, experimentar e trazer de volta. Mas é claro que ninguém vai te dar o tempo necessário para pintar uma tela, digitalizar, encher de filtros e vetores só para fazer uma imagem para o Facebook.

A verdade é que a pica é sua e você tem que dar os seus pulos para achar sua técnica.

Não é fácil. Mas é possível.

Este movimento já está rolando faz algum tempo e existem bons exemplos. Um dos recentes que gostei bastante foi a campanha da Jack Daniel’s do ano passado que, para exaltar a produção artesanal do seu uísque, criou uma campanha offline totalmente old school e sem recursos digitais.

A campanha e os pôsteres em si ficaram tão fodas que os caras ainda disponibilizaram um vídeos do processo de produção da arte toda.

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Outro exemplo bacana foi feito pelo pessoal das sandálias Havaianas, que fizeram o inverso, começaram no digital e passaram para o “real”.

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Trabalhos como estes são tão incríveis que transformam a linha tênue entre design e arte quase que imperceptível. Photoshop, Ginp, Illustrator, Freehand, Fireworks, Painter e até mesmo o Paint não fazem nada além de reproduzir e (por que não) agilizar processos reais de manipulação de imagem.

Vira e mexe pessoas vem me perguntar como faço para desenhar, que programa uso para fnalizar minhas imagens se programa x é melhor que y. Sempre respondo a mesma coisa:

“O segredo é fazer.”

Tira a bunda da cadeira e vai desenhar, mexer com tinta, experimentar superfícies e papéis. Depois que você fizer isso, usa o que aprendeu no computador porque ele vai ser só uma ferramenta para facilitar sua vida.

Um exemplo foda de arte e design é o documentário do cineasta Danny Cooke que apresenta o trabalho de David A. Smith, um designer especializado na criação tipográfica de placas em vidro ornamentais. O documentário mostra e o seu trabalho na criação da capa do disco Born & Raised do músico John Mayer.

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Além de ser um animal no manuseio em vidro e madeira, o Sr. Smith é um monstro no digital, montando primeiro a arte do álbum no Photoshop que, por si só já é bem impressionante. Mesmo criando um trabalho no digital, a base vem do lápis e papel, com um nível de detalhe absurdo.

Não satisfeito, ele faz um painel em vidro que eu nem sabia que era possível fazer na mão por uma só pessoa.

Gosto de ver este tipo de vídeo para entender qual é o processo de criação dos artistas. É praticamente uma aula e nesse vídeo em específico você acompanha todo o caminho do cara, desde a conversa com o cliente, a busca por referências até a peça final.

Vale a pena ver a imagem maior. É só clicar e ver cada detalhe feito a mão

Bom, babem enquanto eu vou ali me sujar de tinta.

Felipe Franco

<a>Felipe Franco</a> é paulista da gema