Cá estamos novamente no terceiro “Minha Roupa Diz..” (aqui, as edições #1 e #2), hoje teremos o primeiro leitor do PapodeHomem a ter suas roupas analisadas aqui na seção.
Vamos ver o que o Cristiano fala sobre si mesmo:
“Capista de livros, 32 anos, trabalha em editora universitária.
Mora em Porto Alegre. Poderia ter um carro, mas preferiu a bicicleta. Gosta de cinema, séries e HQs. Está há quatro meses longe do sapatênis.”
Composição 1: trabalho (sapato e cachecol)
Vamos para a leitura preliminar do vestuário do Cristiano.
Sobre as cores, optar por monocromia é a maneira mais rápida e segura de se obter harmonia no vestuário. O lado negativo dessa escolha é que, em alguns casos, pode soar monótono ou fazer com que você passe totalmente despercebido (ninguém precisa ser um chamariz ambulante, mas se fazer notar é algo bom na maioria das situações).
Então, como manter o visual do Cristiano discreto/clássico e dar-lhe um pouco mais de dinamismo e presença?
Comecemos pelo calçado, alterando o modelo preto por um clássico marrom. Ao fazermos isso, continuamos com a discrição (por mantermos uma cor tradicional e escura de sapato), mas criamos um harmonia mais interessante, pois o marrom reage muito bem ao cinza da calça, fazendo com que os pés ganhem mais evidencia devido ao contraste cromático.
Tendo resolvido a parte inferior da composição, iremos para a parte de cima. A opção pela malha é ótima pois é versátil, ela não evidencia amassados e ainda mantém um ar social que normalmente é desejado. A única alteração seria modificar o contraste do valor (claro/escuro) em relação a calça.
São duas opções possíveis: ou se assume um traje majoritariamente monocromático, utilizando uma malha com valor semelhante a calça ou então optamos por uma peça preta, para dividir de maneira bem clara o tronco dos membros inferiores. A cor da malha atual não é essencialmente ruim, mas as 2 sugestões acima tornarão o conjunto mais rico em informações, uma por meio da oposição (malha preta) outra através da semelhança (malha cinza claro).
O Cachecol, da maneira que está sendo usado, serve para linkar a calça e a malha, porém como já se tratam de valores e croma parecidos, não existe necessidade desta ligação. Portanto, seria um ótimo momento para utilizarmos uma cor viva. Como a maioria das peças já são neutras, isso permite a escolha de uma cor bastante saturada para o cachecol, sem que se crie uma produção chamativa.
A recomendação é um verde se desejar passar a sensação de um rosto mais corado ou um vermelho para destacar mais a face. Ambas as cores com bastante saturação.
Obs.: o cachecol é uma excelente alternativa para alterar a percepção que as pessoas tem do seu pescoço. Se tiver um pescoço muito fino, dê uma volta a mais na peça, deixando-a com as pontas para trás, assim seu pescoço parecerá mais grosso e irá induzir a uma aparência mais forte fisicamente.
Caso o seu pescoço já seja grosso, recomendo evitar dar mais que duas voltas, pois isso poderia deixá-lo com sensação de ser um tanto quanto “atarracado”.
Por último, uma observação pessoal: a bolsa carteiro escolhida é bastante discreta e funcional, porém sempre me passa a ideia de que quem a usa é um garoto de recados. Além disso, não vejo nenhuma vantagem física em relação a mochila tradicional, inclusive vejo na mochila clássica de duas alças uma ótima alternativa para deixar o visual mais atual e menos “engomadinho”. O grande segredo na escolha da mochila é que ela seja sempre sem nenhum detalhe de outra cor (zíperes, costuras, acabamentos, etc).
Composição 2: jaqueta e gorro
De primeira, já é notável a coerência funcional desta combinação.
Ao olharmos o Cristiano com estas peças, temos a sensação que ele está em trânsito, o que lhe atribui um caráter estético dinâmico e viril. Isso ocorre devido a soma da bota (calçado de resistência), barra dobrada do jeans (indica que ele poderá andar em superfícies que não são limpas, em ambientes externos), jaqueta de couro (ideal como corta vento, portanto também associada a ambiente externo) e gorro (um outdoor clássico).
As escolhas do Cristiano foram muito felizes. Os pés são claramente separados das pernas (quanto mais visível essa divisão, mais harmônica essa parte do corpo ficará) e ele utiliza a cor mais clara da barra dobrada como transição cromática entre bota e calça. O cinto é discreto e tem uma fivela casual (quanto menor a fivela, mais social costuma ser o cinto).
Vejo apenas duas maneiras bem simples de tornar este composição ainda melhor: a primeira é escolher um gorro menor, estilo “pescador”, pois gorros maiores (como o do Cristiano na foto) têm uma associação mais jovem e normalmente ligada a pessoas com cabelos longos (inicialmente ele foram desenvolvido por isso).
Ainda sobre esta peça, sugiro que ela seja utilizada mais próxima a sobrancelha, pois como o Cristiano raspa a cabeça toda e, se ele utilizá-lo no meio da cabeça (como na foto) irá deixar seu rosto desproporcional, pois causará a impressão que ele tem uma testa muito grande (ser calvo não prejudica a proporção da face, mas parecer que tem uma testa que vai até o meio da cabeça sim.)
O último ajuste seria na saturação da malha que, apesar de estar com uma boa cor, pode ser ainda mais atraente se for substituída por um tom de azul mais intenso, assim teremos um visual que se mantém discreto, mas que não dá a idéia de estar “velho” ou de parecer um pijama.
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E assim terminamos nossa terceira análise. Lembrando aos que desejam ter suas roupas analisadas, mandem email para o minharoupadiz@papodehomem.com.br com uma breve descrição pessoal e com fotos — de qualidade — de corpo inteiro, de frente/lado/costas, na versão passeio e trabalho.
Obs.: peçam para um amigo tirar a foto. Nada de celular no espelho, camarada!
Como sempre, espero que tenha sido útil, ou ao menos, divertido!
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