Semana passada eu vi duas vezes. E agora vou te contar por que “Happy” é um daqueles filmes urgentes.

Como soubemos do filme

Fábio Rodrigues (um dos coordenadores do lugar), Jeanne Pilli (que escreve e traduz no equilibrando.me, ótimo blog sobre meditação), Stela Santin (que já escreveu por aqui) e Lama Lhawang (professor brasileiro ordenado na linhagem drukpa do budismo tibetano) estão no treinamento “Cultivating Emotional Balance” para se formarem professores e oferecerem o programa aqui no Brasil. São cinco semanas no México praticando seis horas de meditação por dia, aprendendo sobre emoções, microexpressões, compaixão, empatia, bem-estar e treino da atenção com Alan Wallace, Paul Ekman e Eve Ekman.

Lá esses assistiram ao documentário Happy, concebido e dirigido por Roko Belic, que participou da mesma formação ano passado. Mesmo quase sem acesso a web, Lama Lhawang avisou pelo Facebook e Fábio enviou uma mensagem para alguns amigos: “Vejam!”.

As histórias

Silhouettes

Belic foi atrás de pessoas de todo tipo de cultura — Dinamarca, Naníbia, Escócia, China, Quênia, Japão, Butão, Índia, Estados Unidos e Brasil — e também ouviu estudiosos e pesquisadores sobre as causas da felicidade genuína.

No Brasil, em Itacaré (Bahia), encontrou um surfista gente boa e registrou falas e imagens lindas. Na Dinamarca, ouvimos uma mulher contando como vive em uma comunidade de 20 famílias e por isso não precisa perder tempo na cozinha todo dia, e suas filhas dizendo como é bom ter vários cuidadores em vez de apenas pai e mãe. No Japão, vemos uma triste história de karōshi (morte por excesso de trabalho). Há pessoas cujas condições pioraram mas a felicidade aumentou. Um indiano que mostra o quanto somos mimados. Um americano completamente imerso na natureza… E assim a gente vai tendo ideias de como podemos viver melhor.

Uma das partes que mais me emocionaram foi o retrato de uma comunidade em Okinawa, no Japão, terra do Sr. Myiagi, onde as pessoas demoram a morrer. As velhinhas dançam com um grupo de taiko e sentam toda tarde no lugar deles (um centro comunitário) para conversar. Ali, o problema ou a alegria de uma é o problema e a alegria de todo mundo.

Elas explicam o significado da expressão “Ichariba chode”: quando você encontra alguém — mesmo que apenas uma vez, mesmo que por acaso — vocês se tornam amigos para a vida. Se calhou de nos esbarrarmos, pronto, somos irmãos e irmãs.

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Chorei fácil. Estamos longe disso.

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As pesquisas

Em apenas 76 minutos o documentário mostra o essencial de tudo o que descobrimos em pesquisas recentes em neurociência, sociologia e psicologia da felicidade. (O filme não entra nas investigações em primeira pessoa sobre a natureza do bem-estar que grandes meditantes já fazem há séculos, mas há outros bons documentários sobre isso.)

Ao contrário da galera a la What the bleep do we know e The secret, os especialistas são todos pé no chão. Deixo a lista de livros dos entrevistados, que serve para explicitar as referências por trás das ideias do filme:

  • The How of Happiness, de Sonja Lyubomirsky
  • Happiness: Unlocking the Mysteries of Psychological Wealth, de Ed and Robert Diener
  • Satisfaction, de Gregory Berns
  • Flow, de Mihaly Csikszentmihalyi (recomendo também essa palestra dele no TED)
  • Stumbling on Happiness, de Daniel Gilbert
  • The Essence of Happiness, de Sua Santidade o Dalai Lama
  • The Emotional Life of Your Brain, de Richard Davidson
  • Happiness: A Guide to Developing Life’s Most Important Skill, de Matthieu Riccard
  • The Attention Revolution: Unlocking the Power of the Focused Mind e Genuine Happiness: Meditation as the Path to Fulfillment, de Alan Wallace

Quer ver?

Aqui está o documentário completo, no Vimeo.

É possível alugar o filme (por 72 horas e com legenda em português) por apenas 3 dólares pelo site oficial.

Estamos com a ideia de comprar alguns DVDs para tentarmos organizar uma exibição simultânea em várias cidades do Brasil, como encontros informais dos participantes do lugar e das pessoas em geral que quiserem conversar sobre o filme.

Happy reflete perguntas e ações que cada vez mais podemos e devemos fazer se quisermos uma vida mais satisfatória. Em vez de encará-lo como mais um filme, eu prefiro usá-lo como ferramenta para olhar minha vida inteira e para me relacionar com as pessoas: “Como podemos construir espaços e mundos nos quais essas condições para a felicidade estejam mais disponíveis? Como podemos cultivar nossos corações e nossas mentes?”.

Se depois de ver o filme você quiser se aprofundar nisso junto conosco, deixo o convite para você entrar no lugar.

No espírito ichariba chode digo que todo mundo que deixar um comentário abaixo, não tem como escapar, vai virar meu parceiro, minha parceira pra vida toda. 😉

Seguimos!

Gustavo Gitti

Professor de <a>TaKeTiNa</a>