O povo aqui do PapodeHomem me pediu para escrever sobre Caetano Veloso (doravante chamado carinhosamente de “Caê”). Seria melhor que eles me pedissem para eu explicar o Tratado de Tordesilhas. Geopolítica é um troço complexo, mas faz sentido.

Caetano não faz sentido.

É tipo filme do Goddard: você olha, olha, não entende nada e fica puto porque falaram que era “genial”.O jeito é tentar explicar Caê voltando às origens. Digo, voltando muito às origens:

“No princípio era o verbo”. Pois é, Deus criou o mundo em seis dias. E no sétimo descansou. Acho que foi nesse dia que surgiu Caê. Se Deus não estivesse de folga, não deixaria passar barato. Por isso, Caê, de pirraça, diz por aí que ELE é que é Deus. Alguns leitores da Revista Bravo até acreditam.

Deus criou o Universo e o homem. Caê diz que criou a Tropicália e se orgulha de ter lançado a Maria Gadú. Sim, como Deus ele é uma bela bosta. Ele se faz onipresente e onisciente. Se pinta uma crise na Namíbia, ele faz questão de dar entrevista. Uma vez disse seguinte “o Brasil vai dar certo porque eu quero”. Estamos na merda desde então.

Caê Face

Uma vez pediram para Caê se explicar, dizer o que quer e a que veio. E ele disse:

“Êta/ Êta/ Êta / a lua, é o sol é a luz de Tieta”

No fundo, é um corajoso. Só mesmo um cara muito firme para cantar “Gosto muito de te ver, leãozinho” sem ter uma crise de riso. Ou de vômito. O que bater primeiro.

O problema de Caê é que ele não se aposenta. É o velho chato do almoço, que fica incomodando todo mundo e, de vez em quando, solta um peido. Ninguém reclama por questão de respeito. Alguns até dizem “Que bonitinho, Caê peidou”. Ele gosta dessa atenção. Por isso peida sem parar. É isso: seus discos são peidos registrados eletronicamente.

Caê devia sossegar e seguir o exemplo de Chico Buarque, que assume a velhice numa boa, lançando sempre o mesmo disco e dando shows de vez em quando para fazer as fãs coroas gemerem. Chico tá na dele.

Caê, não. Caê quer se reinventar. Já lançou disco em espanhol, grego e sânscrito. Já dirigiu filmes (Cinema falado, usado como método de tortura em prisões da Líbia) e escreveu um livro falando dele mesmo: Verdade tropical – muito provavelmente o pior e mais pedante livro já escrito em toda a história da humanidade. Falta ainda virar fotógrafo e fazer uma participação especial na Malhação. Ele até se ofereceu para posar para a Revista G. Mas os editores preferiram convidar o Vampeta.

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Caê só se dá bem porque, como todo deus pagão, tem uma horda de adoradores suicidas. São pessoas que não chegam ao ponto de se auto-imolar para defender sua fé, mas topam ouvir discos inteiros do cara. O que é quase a mesma coisa.

Você conhece o tipo: são aqueles panacas que chamam Otto de “músico inquieto”, curtem saraus de poesia neo-concreta e adoram dizer que descobriram um restaurante etíope ma-ra-vi-lho-so. É do sangue dessa gente que Caetano se alimenta. Ele é um Drácula que suga elogios de pessoas incautas. Uma peste, uma praga.

Solução? Abate sistemático de fãs de Caê. Como fazemos com galinhas e vacas em época de vírus. Sem quem parasitar, sem uma fonte de bajulação, Caê definha. É uma questão de saúde, portanto. Na pior das hipóteses ele se aposenta. Talvez fique mascando trigo na varanda da casa, reclamando do mundo sozinho. Ele e Bethânia, que representa a parte masculina da família. Pode levar junto a Simone, eu deixo.

Vamos isolar Caê como um vírus. Congelá-lo para a posteridade. Talvez, no futuro, uma raça mais desenvolvida consiga decifrar Caê. Ou arranje uma cura. Tipo “duas aspirinas, cama e uma dose de Adoniran Barbosa por dia.” É isso ou ter que aturar “Vou ficar odara” pro resto da vida.

Deus nos livre.

Walter Carrilho

Walter Carrilho é, na verdade, o pseudônimo de um jornalista que prefere manter o anonimato para poder falar tudo aquilo que você adoraria falar, mas não fala porque, sei lá, não pintou o clima, saca? Ele escreve no <a>Jornalismo Boçal</a> e no <a href="http://www.twitter.com/waltercarrilho">@waltercarrilho</a>."