Recebi o convite para escrever por aqui e achei que seria uma boa chance para mostrar parte do que rola dentro da Cabana PdH (e para falar abertamente pela primeira vez para mais de 100 pessoas).
No último mês, tivemos a ideia de criar uma seção específica para organizar todas as dicas que estavam espalhadas em vários tópicos no fórum: restaurantes, receitas, filmes, vinhos, livros, músicas, presentes, locais, charutos…
E onde eu entro nisso?
Bem, me comprometi a postar periodicamente dicas de gastronomia (ingredientes, utensílios, passo a passo de receitas, harmonização com vinhos e charutos) úteis para quem não tem na cozinha seu endereço profissional.
Como gastronomia para mim é um hobby já há algum tempo, fica fácil saber quais dificuldades os “chefs amadores” enfrentarão. Claro, sempre contando com a participação dos Cabaneiros, que testariam as receitas e diriam o que acharam e o que mudariam, além de tirar qualquer dúvida.
No papel, a ideia se mostrava promissora e ao colocá-la em prática, a resposta foi muito melhor do que esperávamos, com direito a fotos e variações na harmonização com as bebidas (e até mesmo com música)!
Mas chega de papo furado!
Peguem suas taças de vinho (cozinhar bebericando é o que há!), chamem seus amigos e vamos à receita que será publicada esta semana lá – e que dividiremos com vocês por aqui.
Trata-se de um prato que aprendi em uma viagem que fiz a uma fazenda de amigos no interior de Minas. Simples e saborosa, com a vantagem de sujar pouca louça.
Ingredientes | Frango ao molho de cerveja escura
• 1/2 kg de frango (pode utilizar o frango limpo inteiro, mas recomendo usar , coxinha da asa, que não demora a cozinhar e permite que o sabor do molho penetre melhor; já testei com asinha também e não gostei do resultado)
• 1 lata de cerveja escura (sempre utilizei a Caracu, que é fácil de encontrar e tem um preço muito bom; se alguém testar com outra cerveja, coloque o resultado aqui)
• 1 pacote pequeno de sopa instantânea de cebola (atenção para não utilizar creme de cebola, que tem o sabor totalmente diferente da sopa; é aquele pacote menorzinho vendido nos supermercados, que rendem apenas uma porção)
• Manteiga (se vocês não tiverem a beira de um ataque cardíaco, fujam da margarina, a manteiga tem muito mais sabor)
• Sal marinho e pimenta do reino a gosto (se possível, use sal marinho e pimenta moídos na hora, já que os sabores aparecerão com muito mais intensidade, sem falar no aroma da pimenta que é maravilhoso)
Modo de preparo | Frango ao molho de cerveja escura
Você precisará apenas de uma panela que comporte a quantidade de frango acima e que tenha uma tampa, além de uma colher de pau – ou aquelas espátulas de silicone bem chiques.
Aqueça a manteiga em fogo médio, sem deixar que ela escureça. Coloque o frango e frite-o até que perca a aparência de totalmente cru, mas sem deixá-lo crocante. Demora aproximadamente uns 8 minutos, dependendo da potência do seu fogão. É importante não fritar totalmente o frango, já que ele cozinhará no molho que faremos em seguida.
Acrescente a cerveja e a sopa de cebola, mexendo bem, mas com cuidado para não desmanchar o frango (se usar os drumets, não correremos esse risco).
Tempere com pimenta e sal a gosto (lembrando que a sopa de cebola já é bem salgada). Reduza o fogo, tampe e deixe cozinhar mexendo de vez em quando até que a cerveja reduza e vire um molho bem cremoso (demora menos de 10 minutos) ou na consistência que mais lhe agradar.
Está pronto para servir!
Para acompanhar: batatas com alecrim
Você precisará de meio quilo de batata inglesa (médias), dois ramos de alecrim e sal grosso. Basta descascá-las (há quem prefira com a casca, como na foto, mas para esta receita recomendo sem), cortá-las ao meio (se forem muito grandes, em 3 ou 4), cozinhá-las um pouco (muito de leve, sem amolecê-las demais) em água e sal. Se o garfo entrar com um pouco de facilidade, já é o suficiente.
Em seguida, pegue uma travessa abundantemente untada com azeite de oliva e coloque as batatas separadas umas das outras. Regue as batatas com mais azeite, acrescente o sal e o alecrim (devidamente separado do caule, apenas as folhas). Leve ao forno pré-aquecido a 200º até que fiquem crocantes por fora (e macias por dentro). Leva em média uns 15-20 min.
Uma dica boa é colocar um caldinho de carne (daqueles já prontos mesmo) no cozimento da batata. Mesmo descartando a água depois, a batata fica com um gostinho bem leve.
Harmonização com bebida
O frango geralmente é uma carne neutra e assim a harmonização se dá em virtude do molho que o acompanha. Como o prato apresenta um sabor bem pronunciado e já tem cerveja em sua composição, devemos ter cuidado para não escolher uma bebida que possa “sumir” durante a refeição.
Eu sugiro um vinho Cabernet Sauvignon ou um Merlot de bom corpo (já testei com Carmenére e gostei, mas as uvas que indiquei antes caem melhor). Claro que um branco seco e com boa presença poderia também cair bem – farei o teste qualquer dia desses e compartilharei o resultado aqui para vocês.
Apesar de adorar cerveja (e chopp, whisky, sake…), como nunca estudei sobre o assunto (só fiquei na prática), deixo para vocês esta questão. Certamente alguém nos ajudará nos comentários indicando uma que cairá bem com o nosso prato.
Considerações finais…
Como eu disse antes, a grande graça de colocar as receitas na Cabana é o feedback do pessoal falando o que fez, o que achou e o que mudou. Como temos pessoas do Brasil inteiro (e até de outros países), já dá para imaginar o que rola. É maravilhoso!
O objetivo é colocar receitas práticas e por isso sugeri a sopa de cebola instantânea, porém, eu mesmo gosto de temperar com salsinha, cebolinha, noz moscada, alho etc. Mas vai do gosto e disponibilidade de tempo de cada um. De qualquer forma que vocês fizerem, ficará muito bom!
Lanço aqui o mesmo desafio que fiz na Cabana: quem se arrisca a enviar fotos de seus momentos de chef e ainda sugerir a harmonização com música? Afinal, o prazer de uma refeição não precisa vir somente do paladar!
Tenho certeza que a receita agradará seus convidados que se acharão amigos do mais novo chef de cuisine da região. E não se esqueçam de comentar colocando suas experiências ao fazer o prato, sugestões do que mudariam, variações que deram (ou não) certo.
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