As indústrias da alimentação não querem que você saiba o que está comendo, pois se você soubesse, mudaria de ideia.

Descubra as principais acusações do documentário Food, Inc. e o que você pode fazer a respeito, fazendo as malas e indo pra roça!

1. Comida clonada e envenenada

Quando vi o documentário Food, Inc., fiquei com medo e indignado com o rumo absurdo que estamos tomando com relação ao que comemos e como isso é produzido.

Não é surpresa que as técnicas de aumento de produtividade sejam usadas para dar conta de tantas bocas que precisam ser alimentadas. Mas passamos do limite! Quem é que quer comer carne e leite de animais clonados?

Sou a favor da tecnologia, quando usada de forma segura e responsável. Não é o caso atual da clonagem, pois 90% das tentativas de clonagem fracassam, sem contar que os animais clonados possuem maiores problemas de saúde e taxas de mortalidade do que os animais nascidos naturalmente.


Se a nossa tecnologia de clonagem estivesse perfeita, será que isso aconteceria?

Aqui no PdH sempre prezamos pelo senso crítico e diversidade de opiniões. Mas o grande problema é que o U.S. Food and Drug Administration está fazendo castra a nossa possibilidade de escolha, pois não vai exigir que as comidas clonadas sejam identificadas. Os consumidores não terão como ler na embalagem que estão diante de um alimento feito com bicho clonado.

Além da comida clonada, o mesmo problema de falta de identificação acontece nos alimentos produzidos com plantas e animais geneticamente modificados. Estudos realizados na última década indicam que esses alimentos podem causar sérios riscos a humanos, como envenenamento, alergias, queda de resistência e câncer. Fora a diabete e obesidade ligada aos alimentos processados, que são outro tema preocupante.

Neste curto artigo, nem vou mencionar os problemas de pesticidas, que, junto com contaminação alimentar, é um dos grandes vilões que mata crianças e adultos. Perguntei sobre os riscos de uma inocente coxinha de rodoviária e recebi um importante alerta do Dr. Health:

“Se eu for mencionar todas as possibilidades pelas quais uma simples coxinha de rodoviária pode executar um ser humano, creio que Vigilâncias Sanitárias da vida seriam levadas mais a sério.
Uma intoxicação alimentar pode até matar, por uma gama de métodos. Variando num amplo espectro, desde a ação de substâncias químicas não propriamente relacionadas ao alimento, até outros serial-killers: bactérias que causam danos por si só, como a Salmonella, ou que produzem toxinas, como o Clostridium botulinum (esta toxina causa uma paralisia flácida de todos os músculos do corpo, o que mata por asfixia), e o Vibrio Cholerae (causa uma diarreia incoercível, que mata por desidratação); vermes como a solitária; vírus como o da Hepatite A, que pode causar uma forma fulminante e letal; toxinas “naturais” de alimentos (como a aflatoxina, presente em amendoins de baixa qualidade, que é cancerígena); e mesmo prions, que são moléculas de proteínas capazes de agir como vírus, cujo exemplo mais famoso é a doença de Creutzfeld-Jakob, a popular vaca-louca.
Enfim, todo cuidado é pouco!”

Food, Inc.
| À esquerda, um franguinho de 70 dias de vida, criado com tecnologia de 1950. À direita, o monstrengo bombado com 48 dias de vida de hoje em dia.

2. Impacto ambiental

Os alimentos EM MÉDIA percorrem dois mil e quatrocentos quilômetros até chegarem sua casa. São mais de trinta mil toneladas de gases relacionados ao efeito estufa liberados nesse processo. Existe até um movimento específico para lidar com esse problema, a Cool Foods Campaign.

3. Escravos

O Food, Inc. também mostra o caso dos trabalhadores ilegais que vão para as fazendas americanas realizar trabalhos insalubres em troca de salário abaixo do mercado em condições subumanas. Mas como é a coisa no Brasil?

No livro de história da “tia Esmeralda”, lá pela terceira série, a gente imaginava uma bela e bondosa Princesa Isabel assinando a Lei Áurea em 1888. Os registros da Wikipedia (pelo menos hoje, maio de 2010) sobre “Escravidão no Brasil” e “Abolicionismo no Brasil” também confirmam que tudo vai bem em nossas terras. Será?

Não é essa a verdade que o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal tem a relatar: além de uso irresponsável de produtos químicos nos alimentos e destruição do meio ambiente, existe um crime com o ser humano em certas fazendas. De tempos em tempos a Procuradoria do Trabalho investiga denúncias de trabalho escravo. Alguns dos escravos ficam aprisionados por mais de vinte anos em condições subumanas em fazendas, mostrando que a figura do senhor feudal continua firme e forte em nosso país.

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Como fazer a diferença em uma situação dessas, que desrespeita a qualidade de nossa comida, nosso planeta e a liberdade humana?

Link YouTube | “Grande parte da comida industrial não passa de milho modificado”

Existem várias maneiras de fazer a diferença. Mas nada adianta apresentar diferentes iniciativas se primeiro não estamos realmente motivados e acreditamos ser possível.

Foi por isso que compartilhei a história de Richard Branson. Ele é um dos nomes que tem trocado ideias com personalidades como Al Gore e Stephen Hawking a respeito do problema gigantesco adiante sobre a mudança climática. Mas acima de tudo, é um exemplo vivo de um homem que não tem medo de enfrentar desafios e se dedica totalmente em projetos que acredita.

Se esses três problemas que foram apresentados acima trouxeram indignação, talvez o movimento da comunidade de alimentos orgânicos possam interessar.

WWOOF: World Wide Opportunities on Organic Farms

Eu descobri a WWOOF ao fazer a pesquisa para meu livro Guia do Viajante Conquistador, pois exploro diferentes possibilidades para que brasileiros viajem mundo afora.

WWOOF faz a ponte entre voluntários e fazendeiros de culturas orgânicas (sem agrotóxicos e que respeitam o ambiente) com uma lista de fazendeiros e jardineiros que recebem os voluntários. Os objetivos da WWOOF são de permitir qualquer pessoa a ter uma experiência direta no cultivo de orgânicos, dar a elas uma experiência de vida no campo, ajudar o movimento orgânico e promover trocas culturais e de estilo de vida.

Já um post bastante curto sobre a cultura da hospitalidade (CouchSurfing, HospitalityClub e afins), hoje venho fazer propaganda de um movimento parecido: o trabalho voluntário em fazendas orgânicas.

Basicamente, se você está interessado em contribuir para mudar esse cenário medonho apresentado pelo Food, Inc., vale conhecer a WWOOF, uma rede mundial que ajuda pessoas a compartilhar estilos de vida mais sustentáveis.

Cena de Food, Inc. | Fala se isso não é sacanagem?

Como funciona? Você se torna um voluntário para ajudar um fazendeiro que tem cultivo orgânico. Em troca de sua ajuda, vai receber casa, comida e conhecimento para ter um lifestyle orgânico e responsável.

Vai aprender como é a vida na roça sem produtos químicos ou outras apelações. É apertar teta de vaca, arar o solo para plantar, arrumar cerca, fazer tijolos de barro, dar comida a bichos, e outras atividades de fazendeiro “de raiz”. Se estiver realmente interessado na ideia de vida na fazenda, outra fonte interessante é a GrowFood.

Ou, se quiser algo mais leve, pode também ajudar a cuidar das crianças, cozinhar, dar aulas… sempre existe algo que você pode fazer!

Curtiu? Além de se aventurar pelo nosso país em uma das cem fazendas listadas no WWOOF Brazil, também existem oportunidades na Europa, África, América do Sul, América Central e do Norte e Ásia.

WWOOF é muito mais do que diversão e acomodação grátis

No texto que preparei sobre o CouchSurfing, os leitores (principalmente Aureo Villas Boas e Débora) corretamente apontaram que eu falhei em explicar corretamente o verdadeiro propósito da comunidade de hospitalidade.

Não quero cometer o mesmo deslize aqui: a ideia da WWOOF é de integrar membros que genuinamente se preocupam com os temas de agricultura orgânica e estilo de vida sustentável. Quem tem interesse apenas em viajar barato ou voluntariado possui muitas outras opções.

Se você achou a idéia da WWOOF interessante, recomendo dar uma olhada em um manual (em inglês) com várias dicas específicas ou uma versão resumida do guia WWOOF em português com as principais dicas para se preparar, fazer o contato inicial e como se comportar sem dar vexame, evitando choques culturais.

Victor Lee

É o embaixador europeu da PapodeHomem e está sempre de malas prontas para ir onde tem mulher bonita. É autor do <a>"From Victor With Love - Diário"</a>."