Olá, sejam bem vindos a mais uma Ignição PdH!
Cá estamos, na quarta edição e acho que agora a coisa começa a ganhar um corpo. Já temos três tarefas super básicas que dão um gás pra pessoa poder começar a se organizar. No Ignição #1, sugerimos que a pessoa começasse a arrumar sua própria cama, depois, sugerimos que começasse a tomar um café da manhã nutritivo e, na semana passada, a ideia foi começar a passar as próprias roupas, pra acender um certo cuidado pessoal.
Até aqui, fizemos esses testes. Foram tarefas que, se você quiser, pode implementar uma atrás da outra, pela manhã e já começar o dia pilhado e com a mente focada em fazer as coisas direito. Já tivemos ótimos relatos, como o do Rhuan, aqui embaixo.
Mas, até agora, essas foram meio que preliminares pra coisa realmente começar a andar.
Agora que já sabemos, mais ou menos, como vai ser a dinâmica, vou sugerir uma prática que uso na minha própria vida e, desde que comecei, fez toda diferença pra mim.
Faça um calendário de hábitos (e chame um parceiro pra seguir junto)
Acredito que a essa altura, você sabe como é quando a gente está até o pescoço na lama da inércia. Você se esforça pra sair, até consegue colocar algo em ação e, quando se vê fazendo algum movimento, tem um dia ruim, começa a afundar de novo, desiste e aí se passam meses até você sentir o fôlego pra tentar de novo. Considerando, claro, que eventualmente você volte a sentir esse ânimo.
Todos temos nossos altos e baixos, mas na minha experiência, algo que agrava e prolonga os períodos de baixa de energia é a falta de métodos de controle. Explico.
O tempo é, a grosso modo, uma abstração. O que nós, humanos, entendemos como o tempo passando, na verdade, são marcos, convenções. Sabemos que se passou um dia por que determinamos que quando o sol passar de um lado pro outro e escurece tudo, foi o dia 6 de junho de 2018 que acabou de nos deixar. Mas, uma vez que esse marco passou, ele vira uma névoa, uma memória cada vez menos definida. Quanto menos gatilhos emocionais esse determinado marco nos suscita, menos definido.
Assim, uma sucessão de dias parecidos e tediosos se transforma em meses e, na nossa cabeça, é como se tivesse passado uma semana, um ano ou dez anos. Enfim, o montante de unidades de tempo acaba não ficando claro e, assim, você segue arrastado pela mesma inércia de sempre, sem perceber que está estagnado enquanto vai ficando velho.
Da mesma forma, não temos compreensão muito clara dos nossos estados em determinados marcos de tempo. Não é raro julgarmos um mês inteiro por um dia ruim. De repente, estamos tão imersos em uma certa situação que achamos que a nossa vida inteira é uma chuva de bosta e nunca vai ter jeito por que sempre foi assim.
A verdade é que, por mais que o nosso ego tente nos convencer do contrário, somos péssimos pra fazer julgamentos objetivos. A memória nos prega peças, nosso ânimo no momento tem muito mais relevância do que acreditamos e, constantemente, somos vítimas de oscilações de humor e percepções enviesadas.
Então, qual ferramenta pode nos ajudar a combater isso?
Um simples calendário de hábitos.
Você vai precisar de:
- Uma folha de papel em branco
- Uma ou mais canetas (se tiver canetas de cores diferentes, ajuda a visualizar)
- Um amigo
Chame um amigo que esteja na pilha de dar um gás nas coisas e convide-o para tomar umas cervejas ou comer alguma coisa na sua casa (pode ser Skype também, caso ele more longe). Conversem sobre a vida, coloquem o papo em dia e descubram alguns hábitos que gostariam de implementar mas não conseguem. Façam o voto de apoiarem-se durante esse mês.
Importante: certifiquem-se de não beber demais. É pra ser leve, mas também não deixem descambar. 😉
Depois disso, busque o material, desenhe uma tabela que vai ser o seu calendário do mês vigente (junho, se você está lendo esse artigo agora que foi lançado).
Crie um símbolo/ícone fácil de desenhar pra cada hábito que escolheram.
O ideal é começar leve. Se você anda sentindo dificuldade em colocar as coisas no eixo, sugiro pegar apenas um pra começar. Mesmo que já seja mais experiente, não recomendo mais do que três, pra não engessar seu dia e correr um risco muito grande de só gerar frustração lá na frente.
Agora, você vai pendurar sua obra de arte em um local visível! É importante que seja um ponto da sua casa do qual você não consiga fugir. É pra ele ficar lá te incomodando, lembrando todos os dias que você precisa reportar o que houve em relação aos hábitos. Sugiro o espelho no quarto ou a porta do guarda-roupa.
Com o calendário devidamente pendurado, reporte diariamente o que aconteceu. Desenhe seu símbolo e faça um check ao lado caso tenha obtido sucesso. Se não, faça um X. Pode desenhar carinhas felizes e tristes, também funciona.
Eis o meu desse mês, como tá:
Durante o experimento, você e seu parceiro vão se incentivando, lembrando um ao outro, contando como está sendo e, claro, dando aquela força quando tudo falhar (sim, vai falhar).
Ao final do mês, vocês marcam outra reunião, agora pra compartilhar experiências sobre como foi, o que deu certo, o que não deu, e como podem fazer melhor no mês seguinte.
Fim!
Como já deu pra perceber, é essencial chamar um amigo/parceiro. Sem o parceiro, o calendário é só um pedaço de papel e a atividade perde 90% do poder.
O princípio ativo do experimento está em seguir junto, em ter um parceiro pra crescer em conjunto, diminuir a solidão e, claro, nos efeitos práticos que os hábitos que você escolher vão ter na sua vida. Tendo alguém do lado, é muito mais fácil realizar mudanças positivas.
Além disso, também considero importante fazer o seu calendário à mão. Na minha experiência, esse tempo e esforço que você dedica à confecção do calendário ajudam a sedimentar uma certa posição interna de compromisso.
A principal vantagem de ter um registro fora da sua própria cabeça é que você consegue se distanciar e se avaliar pra além das suas disposições internas. Se estiver em um dia ruim e falhar tudo, você vai ver que, pelo menos, cumpriu seus hábitos direitinho na semana passada, logo, pode se dar esse desconto dessa vez. Ou, pode evitar ficar à deriva muito tempo, retornando o mais cedo possível aos eixos. Além disso, seus esforços se acumulam e começa a surgir uma sensação de dever cumprido que progressivamente aumenta sua motivação.
Essa prática do calendário operou milagres comigo e já vi dando certo com muitas outras pessoas, portanto, não poderia recomendar mais enfaticamente.
Além disso, é algo que você pode, perfeitamente, usar em conjunto com outras práticas da Ignição, tanto as que já temos, quanto à medida em que formos acumulando mais delas na coluna.
Como sempre, a conversa segue nos comentários.
E aí, topa o desafio? Avisa pra gente aqui embaixo.
Vejo vocês de novo quarta que vem!
* * *
O que é a coluna Ignição?
Resumindo: queremos iniciar processos de transformação por meio de ações práticas.
Aqui no Papo de Homem temos trocentos textos filosofentos falando de tudo. Agora, vamos pra outra abordagem.
Menos papo, mais ação.
Você está perdido e não sabe o que fazer da vida?
Aqui vamos oferecer um ponto de partida, ações simples que você possa usar como um aquecimento, que coloque seus "músculos" no ponto para você gradativamente começar a lidar com seus problemas de frente.
Como funciona?
Toda semana vamos sugerir ações práticas acessíveis, para que você possa sair da inércia.
Depois, pedimos que venham aqui no artigo e relatem, em detalhes, como foi a experiência. Vale qualquer coisa, inclusive e principalmente, se der tudo errado, pois é nessas horas que a gente precisa de apoio e a coisa de termos uma comunidade mais vai fazer sentido. Nos colocando em movimento vamos começar a descobrir irmãos, amigos, enfim, parceiros de transformação.
Com o tempo, vamos cultivar uma rede de parceiros, dispostos a transformar suas vidas e também conversarem sobre o processo todo como uma forma de se incentivarem e se apoiarem.
A Ignição é incrível, onde encontro os experimentos anteriores?
Muito fácil! Basta entrar na coleção Ignição.
Um convite especial: venha para o PAI, nosso evento anual sobre paternidade
Já estão abertas as vendas de ingressos pro nosso evento anual, o PAI. Estamos super empolgados de ter a chance de fazer o evento mais uma vez e queremos transformá-lo em uma tradição do Papo de Homem. Como foi um pedido da própria comunidade, esse ano vamos focar em aspectos práticos da paternidade. Tudo o que você precisa saber pra não quebrar cabeça com a rotina da paternidade.
O corpo de palestrantes está lindo. Temos desde algumas mulheres importantes, como a Rita Monte, contando sobre o que os pais podem aprender sobre companheirismo entre pais com os grupos de mães, até o Tiago Korch falando sobre como fica o sexo após a chegada dos filhos, passando pelo Ismael dos Anjos contando sobre como a forma como somos criados afeta a forma como criamos nossos filhos. Vai ser bem bonito!
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.