Sempre pirei na ética ubuntu, na expressão “Umuntu ngumuntu nagabantu” (em zulu: “Uma pessoa se torna uma pessoa por causa das outras” ou “Sou o que sou porque somos quem somos”) e no seguinte cumprimento que dizem existir até hoje em Natal, região da África do Sul: “Sawubona!” (“Eu vejo você”). Alguns dizem que a resposta é “Ngikhona” ou “Sikona”, algo como “Eu estou aqui”, ou ainda “Yebo sawubona” (“Eu vejo você também”).

Que alegria não foi encontrar esse vídeo do educador e líder comunitário Orland Bishop com sua visão sobre sawubona! Além do conteúdo, fiquei impressionado com sua postura, olhar, expressão corporal. Por favor, pare tudo e veja isso até o fim (são apenas 4 minutos).

Link Video | YouTube | Legenda em português feita por Marlon Ramos (que topou nosso convite)

Principais falas

“Seeing is a dialogue. It establish you as a witness to some phenomenon that can also be a witness to your own presence. When two human beings meet in this gesture of sawubona, the acknowledgment is, we see each other. That becomes an agreement, because we’re obligated, from that point, to affirm the reality that seeing has empowered us to investigate our mutual potential for life. So it invites us to communicate. If we are seeing each other, why are we here at the same time. What has this moment of time given us to be able to do. So it’s an invitation to participate in each other’s life.”

“Seeing sawubona also obligates a person to give to each other what’s neededfor that moment of life to be enhanced. For me now, seeing represents the question, how can I be— or how do I have to be in order for you to be free. Because I think our present civilization has taken away freedoms from human being. Not because one culture oppress another, but because we lost the imagination of what sight meant, of what these inner capacities really mean. So, for me, it’s important to reestablish the question, How do I have to be, as a human being, for someone else to be free? You tell me, and I would explore that possibility.”

“Because I think, inwardly, we all know what the prerequisites are for our own freedom.It’s a type of consent, it’s a type of agreement we need in order to exercise freedom. We can’t do it out of self-interest. Freedom can’t be pursued out of self-interest. Freedom must be a mutual gift from one human being to another, recognizing that if I limit one person’s freedom, I limit my own. That we can’t take away something from someone that is so mutually tied to the state of existence. Freedom is not from something, or to achieve something, it’s a freedom to be present with.”

Essa visão de liberdade me lembrou do imperativo ético de Heinz von Foerster (um dos fundadores da cibernética, amigo de Humberto Maturana): “Aja sempre de modo a aumentar o número de escolhas”. Assim entendo: por reconhecermos que cada ser sustenta um mundo com sua presença, co-constrói uma realidade conosco, optamos pela ação mais compassiva. Aja sempre de modo a aumentar o espaço de possibilidades dos outros. Aja de modo a expandir a liberdade dos outros.

Leia também  Jejum de dopamina | Porque cortar os prazeres não aumenta sua produtividade

Para quem deseja parar um pouco mais…

A proposta da série “Pare tudo” é simples: num mundo recheado de entretenimento, vamos oferecer algo provavelmente mais significativo do que 99% de nossos afazeres, algo digno de nossa interrupção. Se você quiser contribuir, indique aquilo que te fez realmente parar tudo: gitti@papodehomem.com.br.

Gustavo Gitti

Professor de <a>TaKeTiNa</a>