Turca nascida na França, Elif Shakaf é escritora e professora de ciência política. Em sua palestra “A política da ficção”, no TED Global 2010, falou sobre o poder transformador das histórias e sobre como é perigoso – e muitas vezes inútil – ver uma história como muito mais que uma história.

19 preciosos minutos de contação de histórias sobre casulos culturais, avós xamãs, literatura e o giro dos dervixes.

Agradeçam a Gustavo Pugliesi Sachs pela tradução.

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Algumas citações…

Para quem não tem 19 minutos para aprender com essa mulher radiante.

“Todos nós vivemos em algum tipo de círculo social e cultural. Todos nós. Nós nascemos em uma família, nação, classe. Mas se não tivermos qualquer conexão com os mundos além daquele que temos como certo, então nós também corremos o risco de secarmos por dentro. Nossa imaginação pode encolher. Nossos corações podem diminuir. E nossa humanidade pode definhar se ficarmos por muito tempo dentro de nossos casulos culturais.
Nossos amigos, vizinhos, colegas, família – se todas as pessoas no nosso círculo se parecem conosco, isso significa que estamos cercados com nossa imagem no espelho.

“Histórias não podem demolir fronteiras, mas podem fazer buracos em nossos muros mentais. E por esses buracos, podemos dar uma espiada nos outros, e talvez até mesmo gostar do que vemos.”

“Se você é uma escritora do mundo muçulmano, como eu, espera-se que você escreva as histórias de muçulmanas e, de preferência, as histórias tristes de muçulmanas tristes. Espera-se que você escreva histórias informativas, pungentes e características e deixe o experimental e a vanguarda para seus colegas ocidentais. O que eu vivi quando criança naquela escola em Madri está acontecendo no mundo literário hoje. Escritores não são vistos como indivíduos criativos, mas como representantes de suas respectivas culturas.

“Escritores têm o direito de ter opiniões políticas, e há bons romances políticos no mercado, mas a linguagem da ficção não é a linguagem da política cotidiana. […] A política de identidade nos divide. A ficção conecta. Uma tem interesse em espalhar generalizações. A outras, nas nuances. Uma impõe barreiras. A outra não reconhece fronteiras. A política de identidade é feita de tijolos maciços. A ficção é água corrente.”

“Quando políticos palestinos e israelenses falam, eles normalmente não ouvem um ao outro. Mas um leitor palestino lê um livro de um autor judeu, e vice versa, se conectando e se identificando com o narrador. A literatura tem que nos levar além. Se não pode nos levar lá, não é boa literatura.”

“Os sufistas dizem: “O conhecimento que o leva não além de si é bem pior que a ignorância”. O problema com os guetos culturais de hoje não é a falta de conhecimento. Nós sabemos muito sobre os outros, ou assim achamos. Mas o conhecimento que não nos leva além de nós mesmos, nos torna elitistas, distantes e desconectados.”

“Por que é que em cursos de escrita criativa hoje, a primeira coisa que ensinamos aos alunos é ‘Escreva o que você sabe’? Talvez não seja a melhor maneira de começar. A literatura imaginativa não é necessariamente sobre escrever quem somos ou o que sabemos ou sobre o que é nossa identidade. Deveríamos ensinar os jovens e a nós mesmos a expandir nossos corações e escrever o que podemos sentir. Deveríamos sair do nosso gueto cultural e visitar o próximo e o próximo.”

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Leonardo Luz

Fã de polêmicas, adora cutucar onça com vara curta. Também detona no blog <a>"Eu e Meu Ego Grande"</a>."