“Vocês tem de entrevistar esse cara!”
Ian Black e Renmero estavam trabalhando para a maternidade Pro Matre Paulista e conseguiram uma entrevista preciosa, talvez a melhor que já fizemos.
Dr. Alberto D’Auria é um dos maiores médicos obstetras do Brasil. Fez o parto de várias meninas que hoje chegam como mulheres grávidas em seu consultório. Viveu em uma comunidade indígena e aprendeu a detectar mulheres em período ovulatório pelo cheiro. Acompanhou diversas dinâmicas no relacionamentos de casais durante o pré-natal e na primeira infância.
Mais do que muitos de nós, viu o mistério todo de perto, dia a dia, nascendo do nada e começando a viver.
Chegamos, Guilherme e eu, ao escritório do Dr. D’Auria, e já começamos a gravar. O doutor disparou verdades bastante incômodas sobre o comportamento de mulheres e homens, descreveu a posição do homem hoje ao longo da gravidez e no parto, e quase chorou ao fim quando falou sobre sua missão.
Leitores e leitoras PdH, não deixem essa entrevista passar.
Nojo do marido, espermograma, cheiros, impotência sexual
“A convivência com o macho depois de fecundado o ovo, ela é necessária mas não é instintivamente natural.”
“A mulher cria nojo do marido, mas por uma questão social e de sobrevivência, ela mascara isso.”
“Tudo o que acontecerá na vida dela, ele será o culpado. Mas que ele não se sinta ofendido.”
“Às vezes um espermograma é quase um atestado de óbito.”
“O homem moderno está terceirizando tudo. Você terceiriza o cara que vem fazer as coisas no seu prédio […] E você terceiriza alguém que vai fazer a reprodução.”
“O homem moderno foi desaprendendo a sentir cheiros. […] Pouco munido de inalação de feromônios, de todas as substâncias que permeiam as secreções das mulheres, o suor, a saliva, o homem moderno precisa de meios químicos, precisa tomar Viagra, precisa de espelho no teto para olhar a bunda da mulher, precisa aumentar tanto o número de estímulos em volta, que os estímulo básicos, que era o cheiro e os olhos fechados, são insuficientes hoje para transar.”
Orgasmo com o bebê, guerra dos sexos, linha do tempo dos relacionamentos, ritual do homem grávido
Nessa parte, Dr. D’Auria percorre o desenvolvimento do homem e da mulher, dos primeiros anos até a velhice, com foco na inveja, nas disputas sutis das relações, até o ponto de um homem vomitar, engordar e agir como se estivesse grávido para chamar atenção.
“O homem e a mulher nunca vão se entender. Porque no âmago do relacionamento a inveja é sempre o sentimento maior. E onde tem inveja você não consegue se unir.”
“Quando for a vez da mulher ficar por baixo, ela vai usar ferramentas que são altamente destrutivas e maquiavélicas. Se prepara porque você vai ter dificuldades.”
“As mulheres tem relações sexuais com o bebê. E muitas têm orgasmo amamentando.”
“Dos 30 aos 50: os homens só avançam, só ganham, horizonte promissor; as mulheres perdendo por minuto.”
“O executivo é esse homem que trabalha enlouquecidamente, sem pausa para o lazer. O lazer dele é programado numa planilha de Excel.”
Resiliência, a posição do homem num parto, família e legado
“O obstreta nunca é esquecido. A mãe fala o seu nome a vida inteira.”
“As famílias se enxugaram em núcleos pequenos. Não há tempo para o avô, para um tio mais distante que poderia passar ensinamentos.”
“O maior patrimônio que você dá para um filho é o seu exemplo.”
“Meu legado é a missão com o ser humano.”
Obrigado, Dr. D’Auria. Obrigado.
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