Tem uns dias que, quando acordo, me afogo naqueles três minutos que existem entre o toque do despertador e a minha consciência.

Aqueles minutos não são nada. Se eu tivesse que definir, diria que são um limbo.

Não sei exatamente dizer se as coisas que passam pela minha cabeça são memórias do dia anterior ou previsões do que está por vir, ou se realmente não passa nada na minha mente.

A minha maior aposta é que os três minutos sejam parte da nossa busca diária por significado. Por que é mesmo que vamos fazer o que estamos pra fazer hoje? Em algum momento a gente lembra. Porque, afinal, uma hora a gente levanta.

Hoje, bem depois dos meus três minutos, eu assisti à DIYU – um curta-metragem da diretora Christine Yuan. DIYU significa “inferno” na mitologia chinesa, mas também é o lugar de onde Li Xia parece ir e voltar.

A mulher, de 17 anos, está presa no limbo que é o inferno e, ao mesmo tempo, ela mesma, procurando significado para o que faz todos os dias e para a morte, que chega. Ela, sua mãe e seu namorado parecem estar num limbo de muito mais minutos, sem ter ideia do porquê de terem levantado hoje de manhã.

Recomendo os treze minutos e espero que você termine de assistí-lo com a mesma esperança que eu: uma hora eles levantam. Porque, cara, não é possível, o significado tem que aparecer.

“Sabe… estamos morrendo o tempo todo. Vida após vida. É inacreditável.”