Vamos começar constatando o óbvio: todos os seres humanos dotados de certa normalidade gostam de sexo e adoram uma putaria. Isso inclui as mulheres, que também são de carne e osso, também possuem órgãos genitais e também ficam excitadas. Logo, toda mulher – tal qual você – gosta de uma boa putaria.
Entretanto, isso não significa que as relações sexuais caminhem intactas e desimpedidas pelo vale da promiscuidade. Conhecer uma garota, conversar por dez minutos e fazer um sexo safado com direito a “fuck my pussy, harder harder” e esporro na cara é coisa de filme pornô, como vocês bem sabem. Na vida real isso só vai acontecer de primeira se a menina em questão for uma prostituta cuja profissão seja dar uma de safada com você, ou se for uma mulher-exceção que tenha o fetiche de ser objeto.
Na vida real, a puta safada existe, sim, dentro de cada mulher e a graça e delícia de se relacionar a longo prazo com um rapaz é justamente deixar que ele descubra a vadia em você. Explico. Ao contrário do que muitas mulheres (e alguns homens também) pensam, para mim, “ser vadia/puta” pouco tem a ver com a quantidade de paus com que me relacionei.
Sou completamente a favor de uma garota transar no primeiro encontro, e o homem que comeu e depois falou mal dela não passa de um idiota. Quando eu era solteira fazia muito isso, e admito sem pudor nenhum (galinha é a senhora sua vó, viu?). Faz bastante tempo que não me preocupo com coisas banais do tipo “o que vão pensar de mim?”.
Os rapazes com quem eu dormia levianamente e se comportavam direito; que não eram mal-educados nem me desvalorizavam só porque tinha notado que eu realmente só tava a fim de sexo com ele, entravam pra minha listinha gold. Ou seja: toda vez que eu ou ele estávamos de bobeira, rolava um telefonema à lá “e aí, tá fazendo o que?” e, se ambos estivessem disponíveis, rolava “assistir um DVD” ou “tomar uma cervejinha”.
Tudo pretexto pra transar, nos satisfazermos mutuamente e depois beijo-se-cuida-tchau. É saudável e eu recomendo para as meninas que não estão a procura de sentimentos profundos, eu me divertia muito nessa época. Como adiantei lá acima, nunca me considerei vadia ou puta por ter esse comportamento.
Sempre me cuidei fisicamente (camisinha e pílula sempre, minhas amigas), e nunca magoei nem enganei ninguém: os amigos da listinha gold sabiam muito bem minhas intenções com eles e todo mundo ficava feliz, todo mundo saía ganhando. Ter muitos parceiros sexuais não faz uma mulher vadia. Sabe o que faz uma mulher ser vadia de verdade, no sentido literal da palavra? A intimidade com o seu parceiro.
Nessas fodas levianas não se cria intimidade para desenvolver a arte de dar-nos prazer juntinhos. Se você quer ver uma mulher realmente ser vadia, conquiste a confiança dela. Confiança vem com o tempo, com a construção de uma relação saudável de companheirismo e tesão, e aqui excluo rótulos como ficante/namorado/noivo/marido/amante etc.
A base de uma mulher vadia e puta de verdade é a confiança no seu parceiro, que fortalece a sua auto-segurança. A mulher é complicada por natureza e insegura por imposição da sociedade, cês bem sabem. “Ai, porque eu tenho celulite, ai porque to gorda, ai mimimimi blablabla”. Além disso, temos esse fardo social de sermos corretas e puritanas, já discorri sobre tal tema aqui. A última coisa que a mulher quer é confiar sua buceta, seu sabor, seus gemidos e suspiros a um homem para, posteriormente, ser julgada por isso.
Essa atitude acaba com a consciência de uma mulher, com a nossa estima, e é por isso que nos resguardamos tanto. Sentimo-nos burras, estúpidas, desvalorizadas. Infelizmente, se a mulher é uma vadia safada logo de primeira, é justamente o pior julgamento possível o que a aguarda. Por mais liberal que eu seja, também não aprovo muito tal atitude. Sexo leviano é meramente recreativo porque a minha safadeza mais suja e visceral, a minha arte íntima de entrega física absoluta é um presente valioso que só vou entregar ao homem que merecer.
Por isso, a única pessoa para quem eu vou ser vadia, puta e safada de verdade é o meu parceiro, o homem que conquistou minha confiança, meu desejo, meu sentimento, e que vai estar comigo acima de qualquer julgamento. E tô usando “parceiro” porque tem mulher casada que não consegue se soltar com o marido, só com um amante cachorro. A vadia safada que mora dentro de cada mulher esconde-se por trás de algumas portas. Dependendo da criação, da cultura e da personalidade de cada uma, o homem vai ter que abrir uma maior ou menor quantidade de portas para libertá-la.
Tem mulher que é naturalmente medrosa e demora pra se entregar, outras encontram rapidamente no parceiro atual um homem confiável e se abrem com mais facilidade. Enfim, encontrar a vadia na sua mulher é uma viagem rumo ao interior de uma caverna, é desbravar uma mata “virgem”, é permitir que ela seja quem ela quer ser, e fazer o que sempre quis sem medo de repressões ou reprovações.
A própria Sandy taí pra provar isso, oras. Outrora uma virgem exemplar, agora, após três anos de casada, falando sobre prazer anal. Creio eu que o Lucas Lima abriu muitas portinhas rumo ao interior da moça. Deixou o Indiana Jones no chinelo.
É tudo uma questão de cumplicidade e química entre o casal. Quanto mais intimidade, mais puta a mulher é. Por isso que recomendo a leitura desse excelente texto que explica muito bem porque todo romance acaba descambando pro lado da safadeza. Nenhuma relação vive só de suspiros e sentimentos; depois de soltar a vadia, a mulher também gosta de sexo selvagem, de loucuras, de novas práticas deliciosas que infelizmente vou ter que deixar para um próximo post.
Vem minha safada Vem minha bandida Minha descarada Quero um beijo gostoso Dessa boca molhada Vem matar o desejo Desse seu animal…
Wando, em momento de pura lucidez
Se você porventura notar algum amigo seu cheio de marcas de unha pelo pescoço e costas, pode ter certeza que ele sabe fazer a parceira ser vadia. Sorte deles, afinal, safadeza é saudável e faz todo mundo feliz.
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