Deixa eu contar uma pequena história sobre um cara chamado Tim Schafer e um projeto que ele tem.
Se você comprou um computador daqueles com “kit multimídia” lá pela metade da década de 90, certamente deve ter se deparado com um dos clássicos joguinhos da LucasArts no estilo “adventure point and click” – Maniac Mansion, Full Throttle, Day of The Tentacle, Gim Fandango etc. Tim Schafer esteve envolvido com todos esses jogos.
Após décadas trabalhando em outros tipos de jogos, mais modernos, Tim, um mestre da sua arte, decidiu que queria fazer outro jogo no estilo clássico que o consagrou. Mas esbarrou em um grande problema: nenhuma empresa acreditou que o projeto seria lucrativo nos dias de hoje. Logo, não houve investimento. Logo, não houve jogo.
Onde muitos desistiriam, Tim e a sua empresa atual, a Double Fine, resolveram fazer as coisas de modo diferente. Acreditando que haveria, sim, um público grande para este jogo, o designer resolveu lidar diretamente com quem interessa: os jogadores. Colocou no ar uma página no Kickstarter pedindo contribuições de qualquer valor para quem estivesse interessado em ver esse jogo produzido.
O objetivo era reunir 300 mil dólares em 30 dias.
Eles conseguiram mais de um milhão de dólares nas primeiras 24 horas.
Link Kickstarter | O hilário vídeo de apresentação do projeto
Agora o jogo não apenas será feito, como o dinheiro extra será usado para contratar atores para representar as vozes dos personagens, produzir versões para mais plataformas – inicialmente seria apenas para computador –, providenciar localização em vários idiomas, além de produzir um documentário com trilha sonora original, mostrando todo o processo de criação do jogo. Todos os jogadores que contribuíram com uma quantia acima de 15 dólares receberão acesso a um fórum fechado onde poderão ajudar no desenvolvimento, debatendo caminhos e dando ideias.
Acima do fato de que o jogo será criado, o que esse episódio realmente mostra é a época maravilhosa em que vivemos para a criação cultural. Seja música, cinema, games, software, eventos… quase tudo hoje em dia pode ser realizado sem a participação de uma grande empresa por trás, financiando. Basta que seja uma ideia boa o suficiente para que o público se interesse e queira contribuir.
Isso se chama crowdfunding – em português, financiamento coletivo.
O Kickstarter é um site americano baseado nessa premissa. É o maior do mundo, e já serviu de ponte para o financiamento coletivo de muitos outros projetos bacanas. No Brasil, temos o Catarse, que funciona da mesma forma e, apesar de estar meio tímido, já deu luz a projetos como o Que Ônibus Passa Aqui? e o Primeiro Fórum Mundial da Bicicleta em Porto Alegre. Aqui mesmo no PdH, já listamos 8 projetos brasileiros que você pode fazer acontecer.
Você já teve alguma ideia que poderia funcionar nesse esquema de financiamento coletivo pela internet? Já contribuiu com alguma? Qual? Vamos bater um papo sobre isso.
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