Um dia antes do dia dos pais em 2018, a minha esposa me deu a notícia de que eu seria pai e imediatamente fui inundado de uma alegria imensa.
Logo em seguida veio uma forte apreensão porque eu não sabia como empoderar racialmente uma criança e, além disso, não tinha certeza de que conseguiria ser um pai afetuoso.
O modelo de paternidade que eu recebi foi o de provedor financeiro, que não deixava nada material faltar em casa mas não conversava sobre emoções, sentimentos nem dizia “eu te amo”.
A partir desse anseio, criamos o Coletivo Pais Pretos Presentes.
O coletivo
As cinco frentes principais do grupo são:
- aquilombamento (ou compartilhamento de experiências do povo preto)
- representatividade
- educação parental
- letramento racial
- consultoria étnico-racial.
Como a mídia normalmente representa o pai preto como ausente, abusivo, agressivo ou criminoso, se torna essencial oferecer às famílias pretas uma contra narrativa que as permitam ver pais pretos afetuosos, amorosos e ativos em sua parentalidade.
Essa é a função principal do nosso instagram: mostrar famílias pretas felizes nas mais diversas configurações possíveis.
Quando se fala em educação parental no Brasil, geralmente só se considera a disciplina positiva e a criação com apego, como se estas dessem conta de toda a pluralidade das famílias.
A ancestralidade preta possui especificidades que muitas vezes não são levadas em conta por tais correntes, portanto se faz necessária uma educação parental afroperspectivada e afroreferenciada, que não apenas leve em conta, mas se baseie nos valores e princípios parentais africanos.
Todo preto brasileiro nasce duas vezes.
Na data na certidão de nascimento e quando recebe um tratamento diferente por causa da cor da pele. Quando isso acontece, raramente temos conhecimento para entender esse processo.
Na verdade, nunca entendemos de fato, por isso o estudo da condição de ser preto no Brasil, ou letramento racial, é fundamental para que o empoderamento seja real.
Os assassinatos do norteamericano George Floyd e do menino João Pedro causaram uma comoção nacional e a pauta antirracista chamou a atenção de diversas empresas, escolas e organizações que passaram a nos procurar buscando ajuda para lidar com a questão racial.
Essa demanda acentuou o nosso trabalho de consultoria junto a setores de afinidade e inclusão racial, gerando diversas parcerias nesse segmento.
Como o afeto na educação pode mudar a realidade de meninos pretos
O professor William Corrêa, fez uma pesquisa sobre o afeto na educação (e principalmente na educação escolar de meninos pretos).
Neste texto ele apresenta uma proposta de metodologia para levar o afeto para a educação, de modo a favorecer o desenvolvimento de uma educação antirracista e mais acolhedora.
Como ser parte do Coletivo Pais Pretos Presentes
Qualquer pessoa, empresa ou organização pode fazer parte da nossa rede de apoio. Basta se cadastrar no coletivo e solicitar o serviço ou participação no grupo mais alinhado à demanda – educação, parentalidade, masculinidades, empoderamento infantil, etc.
Existem 4 grupos no WhatsApp e um grupo de estudos no Telegram, onde mães e pais pretos, famílias brancas com filhos pretos e educadores falam de empoderamento infantil e educação antirracista.
Além disso, organizamos rodas de conversa e congressos de mães e de pais pretos, como o realizado nos dias 28 e 29/11/2020, que pode ser assistido no nosso canal do YouTube.
Conversamos diariamente nos grupos abordando as perguntas, depoimentos e pedidos de ajuda dos membros do coletivo.
Semanalmente estudamos a ancestralidade africana no grupo do Telegram e temos uma roda de conversa online.
Periodicamente, organizamos cursos, palestras, congressos e lives para que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer o nosso trabalho.
Se quiser participar, basta entrar em contato pelo WhatsApp (21) 97206 – 1531, pelo Instagram @paispretos ou pelo e-mail coletivopaispretospresentes@gmail.com
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