Vocês pediram, vocês terão!

Semana passada, através do Stories no Instagram da Conto, solicitei ideias para aprimorar nossa pequena—mas querida—coluna quinzenal e eis que o assunto mais pedido foi: como saber se as roupas que eu compro têm qualidade?

Por ser uma pergunta abrangente, que envolve vários produtos, resolvi aprofundar nos itens que necessitam de um investimento maior como terno, sapato e camisa.

Prontos? Então vamos!

1. Sapato

Nosso nobre leitor acaba de gastar uma pequena fortuna nos seus novos sapatos de couro. Há cinco minutos atrás eles estavam bonitos? Estavam bonitos.

Porém, após a primeira missão do nosso bravo Bruce Wayne tupiniquim, eis que nos pés, a imagem de uma vaca morta por queimaduras solares o entrega.

É, meu caro Bruce. Eu sei o que é dar um passo em falso e cair em um campo minado desconhecido. É treta.

Por isso, te estendo a mão da informação. Ela que vestirá, hoje, o homem de amanhã.

Existem dois fatores-chave a serem considerados quando você for comprar seu mais novo par de sapatos: o couro e a sola.

Começando pelo couro.

Como vou saber se o couro do calçado é de boa qualidade?

Dica prática: Dobre o calçado bem onde os pés flexionam e observe como o material se enruga. Se as linhas (vincos) são delicadas, geralmente é sinal de boa qualidade. Se o vinco for grosseiro e grande, normalmente indica o uso de um material de menor qualidade.

E a sola?

Quanto à sola, existem algumas formas de anexá-la ao corpo do sapato. São elas: Goodyear welt, Blake ou utilizando cola.

Vamos às especificações de cada uma delas.

Goodyear welt: a sola é costurada sobre uma faixa de couro que corre ao longo do perímetro do calçado.

Este é o método mais antigo, trabalhoso e durável das três formas listadas. Vale dizer que é também o mais resistente a água.

Partimos para o segundo método:

Blake: a sola é costurada diretamente na parte superior do calçado (sem a faixa).

Estamos falando de um sapato mais leve e flexível, também de boa qualidade e ótima duração. Apenas um parênteses: não é tão resistente a água quanto o método Goodyear welt.

E passamos para o última forma de anexar a sola ao corpo de um sapato.

Cola: sem muito mistério, a sola é colada na parte superior do calçado. Este é o método mais barato e menos duradouro, comparado com os outros dois citados a cima. É mais comum em tênis e sapatos com sola de borracha.

Sapato comprado, partimos para o próximo item.

2. Terno

Quando compramos um terno, temos que nos atentar principalmente ao tecido utilizado e à construção interna do paletó.

Começando pelo tecido, o ideal é optar por ternos feitos de fibra natural. Para nós que vivemos em um país quente, usar fibras naturais ajudam a absorver o suor, além de durarem mais.

A lã é a matéria-prima mais utilizada, em graus de espessura e leveza diferentes. Teoricamente, quanto mais leve é a lã, mais chique é o terno. Porém, isso também significa que estamos lidando com um tecido mais delicado e frágil.

Um termo muito usado para reconhecer a qualidade dos tecidos é o prefixo SUPER. Se você trabalha de terno, ou procura um material mais resistente, considere um SUPER 120 ou 150.

Sobre a construção, tradicionalmente quando o alfaiate costura o paletó, ele insere uma tela entre o forro e o tecido externo, afim de dar mais estrutura à peça. A colocação desta tela pode ser feita de maneira manual (costurada) ou fundida (colada).

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Quando ele cola a tela diretamente no tecido, nosso artesão ganha tempo, porém, a estrutura do terno fica bem comprometida.

Explico.

Esta tela colada, deixa o paletó com um aspecto mais engessado e este, por sua vez, acaba não abraçando seu corpo como deveria.

Além disso, esta cola eventualmente irá ceder (dependendo da frequência com que você usa o terno). E, basicamente, é assim o resultado final:

Já quando o alfaiate opta por costurar a tela manualmente entre o forro e o tecido, este material interno, por estar solto, acaba se movendo junto com o seu corpo, dando um aspecto mais leve e natural. Com o tempo, ele acaba se moldando ao seu formato, ficando ainda mais bonito.

Neste cenário, existem duas construções possíveis:

A "half canvas" significa que teremos uma tela costurada até a lapela. Na "full canvas", como nosso leitor Sherlock já pode imaginar, temos uma tela costurada em toda a frente do paletó.

Este segundo método, o "full canvas" é mais demorado e, portanto mais custoso. Se não conseguir adquirir um "full canvas", não se preocupe. O "half canvas" é uma ótima saída.

Dica rápida de como saber se o forro foi fundido ou costurado: tente separar o tecido da frente e o de trás e veja se consegue sentir uma terceira parte dentro do paletó, conforme a imagem abaixo:

Dica básica: dê uma zapeada geral para ver se não tem nenhum fio soltando ou botão caindo.

3. Camisa

Falando de qualidade, camisas com fios naturais, como algodão, por exemplo, são as melhores opções. Além de durar mais, são mais frescos (as fibras absorvem bem a transpiração, permitindo que o corpo respire) e também possuem um caimento melhor, apesar de amassar mais.

Se você for um cara que usa camisa no seu dia a dia, um tecido muito nobre provavelmente não irá te atender. Isso porque quanto mais distinto o tecido, mais delicado ele é. E, portanto, maiores as chances de rasgar, se usado com frequência.

Para camisas clássicas de tricoline, pense em algo entre 50 -120 fios e você estará a salvo.

Dica: assim como no terno, dê uma geral na peça para ver se não tem nenhuma linha ou botão soltando.

E chegamos ao fim de mais um artigo!

Espero que tenha sido útil. =)

Até a próxima.

Já conhece a Conto Figueira?

Para quem é novo por aqui, a Conto é minha marca masculina, junto com Bruno Passos.

Nesta última campanha, criamos peças sóbrias que transitam muito bem entre o formal e o casual. Utilizamos as clássicas combinações de cores (marinho & preto, azul & bege) de uma maneira totalmente repaginada, dando um novo ar ao clássico. Um exercício e tanto de estética. =)

Ficamos extremamente satisfeitos com o resultado. Espero que o efeito por aí tenha sido o mesmo!

Começando este mês de novembro com um empurrão a mais, estamos oferecendo aos leitores do Papo de Homem 10% de desconto em qualquer camisa do site. Basta usar o cupom 10CONTO ao finalizar o pedido.

 

Camila Simielli

Proprietária da marca masculina <a>Conto Figueira</a>."