Na última quinta-feira, o cartunista sírio antirregime Ali Ferzat foi sequestrado, espancado e teve suas mãos propositalmente quebradas por ativistas e representantes de forças de segurança do governo Bashar Assad. Os agressores agiram de tal forma para que o artista “nunca mais voltasse a desenhar sobre a liberdade”.
Ali Ferzat tem 60 anos e uma carreira brilhante. É um dos mais influentes cartunistas do planeta, presidente da Associação dos Cartunistas Árabes e grande historiador gráfico engajado em satirizar a hipocrisia dos líderes árabes e as injustiças com que os povos do Oriente Médio convivem. Um dos famosos cartuns de Ferzat é, ironicamente, o retrato do que Bashar Assad gostaria de encontrar na cabeça de seus artistas: nada.
Cabeça vazia é oficina do diabo e de qualquer ditadura.
Felizmente, a cabeça de Ali Ferzat continua cheia de ideias. E suas mãos, apesar de quebradas, continuam exprimindo com inteligência e sutileza a revolta de seu povo. Vejam a resposta que ele acabou de desenhar para os seus agressores.
Lembrei-me do bom e velho ditado latim, que ainda pretendo tatuar nessa minha testa de cartunista:
“Ridendo Castigat Mores” (Com o riso, castigam-se os costumes.)
Para a ocasião cai como uma luva.
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