O barulho da água é como se fosse conselho de mãe. Acalma.

Amaluna, último espetáculo da companhia de circo canadense Cirque du Soleil, fala de água e conselhos de mãe em meio à tempestade. Inspirada na obra de William Shakespeare, A Temprestade (de 1610), náufragos em uma ilha habitada por deusas e por Miranda, uma garota que está chegando na fase adulta e se apaixona por Romeo, um dos naufragados e, juntos, precisam passar por alguns percalços para ter seu amor provado.

E se eu, lá em 2013, já fiquei estupefato com a apresentação deles em Corteo, imaginei que desta vez poderia chegar lá com olhos viciados de quem já viu coisas incríveis acontecendo e não se surpreenderia facilmente.

E que delícia errar.

Amaluna é tão bonito quanto, menos clássico e poético, mas igualmente dramático e calcado na narrativa, no avanço da trama do casal e dos que os cercam. Equilibristas e contorcionistas, pessoas que flutuam em panos e bambolês, homens saltitantes e artistas rodopiando em acrobacias olímpicas e plasticamente lindas de se olhar. O casal de palhaços, o alívio cômico que faz o enredo avançar, dá a delícia das risadas de quando em quando com muita competência, uma coisa quase "Disneyniana", feições, timing, uma beleza.

 

"Uau, então é esse mundo mágico todo?".

No final das contas, é apenas um show circense. Mas, com uma equipe tão competente, tudo se transforma, sim, num circo imperdível de se viver.

O espetáculo já saiu de São Paulo e segue, agora, para o Rio de Janeiro, onde fica de 28 de dezembro a 21 de janeiro. Depois, vai para Argentina, Chile e Peru.