Na rádio, um cantor tenta em vão animar as garotas da casa do verão. De tanto calor, sua voz busca alegria, mas só acerta uma leitosa preguiça de viver. Nada mal, casa com a luz que atrapalha a visão, que transforma o tecido dela em armadilha masculina, estampando curvas naturais que se misturam com a poeira que dança desmazelosa perto da planta da janela.
Tudo é claro demais, o sol não deixa nenhum segredo pendente. Cola a roupa no corpo e as pequenas se veem na obrigação de desejarem a nudez como refresco paliativo. A calaçaria da tarde abafada, a claridade solar hipnotizando um cerrar de olhos, a grama que só faz fazer mal – corta, pinica, cutuca -, a franja, os cabelos longos se transformando, fio a fio, em um fardo que parece não ter fim.
Ainda bem que elas têm umas as outras numa confissão constante de desprazer e esperança de que, se não fossem pelos afagos que uma concede a outra, a casa do verão estará sempre salva.
Vai lá. Dá oi pra elas.
Boa semana a todos.
Mecenas: Loja do Prazer
Ano novo, vontades novas. É só entrar no site da Loja do Prazer pra descobrir apetites que você nem sabia que tinha.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.