Tempo frio. Lá fora, ainda meio escuro. Neblina, chuva, vento assobiando pelo canto das janelas.
Aqui dentro, enebriado entre sono, vinho, gozo e ela. De pouco em pouco, remonta alguns resquícios da noite. A campainha toca. Coração na boca pra não fazer merda, se fazendo de seguro mesmo assim. Seu apê, a sacada, o vinho da safra que você nunca conheceu e só resolveu saber de onde veio hoje pra tentar impressioná-la; a música escolhida a dedo, o jantar pra se cozinhar a dois, enquanto paqueram entre piadas bestas, risos frouxos e tomates secos; você erra o ponto da comida, ela se diverte com sua tentativa besta de aparentar saber o que faz (não saberia dizer pra onde apontam seus próprios pés, a essa altura), e sugere que pulem direto pra sobremesa. Petit gateau caseiro, mais vinho, o sofá, os olhares, sua dúvida sobre quando seria o momento, ela passa por cima e o beija te deixando sem ar, os toques suaves, mais beijo, gana, menos e menos roupas, chão, copa, banheiro, cozinha, sala, mais e mais vinho, cama e horas deliciosamente sem fim. Você e ela. Mais nada. Putaqueopariu. Vai que tudo isso seja um sonho.
“Levantar agora seria ato criminoso”, pensa.
Se basta admirando a silhueta dela. Observa o movimento das costelas a cada respiração, os pelinhos, tenta adivinhar ângulos escondidos. A chuva cessa, sol se insinua cortina adentro, ronronando pelas curvas do delicioso ser à sua frente.
Seus olhos se abrem, ela desperta.
BÔNUS: Making of
* * *
Após cinco anos de estrada, esse é o primeiro mergulho no sensual feito por nossas próprias mãos. É, antes de tudo, um flerte, um exercício de nosso olhar. Agradecemos imensamente à Loja do Prazer por acreditarem, à Monstro Filmes pelo talento sem medidas e, claro, à Mari Graciolli.
Sigam conosco, há muito por vir.
Ao som de “I love – Athlete“.
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