A figura do assassino de precisão, o sniper, é cercada de mistério. Ele não está no front da batalha, ele não tem o seu arco de superação, ele não é um herói. Ele espera, observa e mata. Um tiro, na cabeça. Prático.
A BBC fez uma matéria curta, mas bem interessante sobre o que se passa na cabeça desses atiradores de elite. Uma das observações notáveis foi que a maioria dos snipers humaniza mais as suas vítimas do que as outras patentes do exército, já que passa tanto tempo observando os seus movimentos antes de finalmente puxar o gatilho.
Segundo a antropóloga Neta Bar:
“É um assassinato muito distante, mas ao mesmo tempo muito pessoal. Eu diria até mesmo que é íntimo.”
Um dos atiradores anônimos entrevistados para a matéria corroborou com essa ideia:
“Eis alguém que é amado pelos amigos, e que eu tenho certeza que é uma boa pessoa, porque faz o que faz por ter uma ideologia”, disse um sniper que assistiu pela mira telescópica a uma família desesperada pela morte de um homem que havia acabado de ser morto por ele. “Mas do nosso lado nós evitamos a morte de outros inocentes, então não nos sentimos mal por isso”.
A matéria tem como gancho o lançamento do livro American Sniper, de Chris Kyle, um sniper que serviu no Iraque de 2003 a 2009, acumulando, segundo ele, cerca de 255 mortes. Foi apelidado de “Diabo” pelos inimigos e já teve sobre a sua cabeça uma recompensa de US$ 20.000.
Mas, ao contrário da maioria dos outros atiradores, Kyle não enxerga suas vítimas como seres humanos iguais a ele:
“Cada pessoa que já matei, eu acredito fortemente que seja má. Quando eu morrer e for para o céu, terei que dar explicações sobre muitas coisas, mas ter matado essas pessoas não será uma delas.”
Pessoalmente, eu fico feliz de nunca ter sido chamado para defender o meu país em uma guerra. Em uma situação hipotética em que isso fosse necessário, eu sempre tive certeza que, se houvesse a opção, eu seria um sniper. Apesar disso, nunca parei para pensar sobre o que passa na cabeça desses caras. Por isso achei a matéria da BBC interessante e te convido de novo a ler.
Link YouTube | Boom, headshot
O livro também me despertou interesse. E você, já havia pensado nisso? E se você tivesse que observar por horas e horas uma pessoa real, a vários metros de distância, e por fim tivesse que puxar o gatilho, você conseguiria se convencer a fazer isso?
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.