Não se tratava de um atentado a bomba no metrô de São Paulo, um sequestro cinematográfico ou uma praga sobre os homens a anunciar o fim dos tempos. Mas ainda assim soava catastrófico. No rádio, o locutor anunciava:
Em poucos séculos não nascerão mais mulheres.
Ele reproduzia uma matéria que saiu na revista The Economist, que indica: a taxa de natalidade para o sexo feminino está diminuindo.
Na hora, me veio à cabeça imagens de um futuro apocalíptico. Um fim de mundo com guerras, fome, falta de recursos, desastres naturais. Se fosse de qualquer outro jeito, a gente dava um jeito no apocalipse. Mas como faz sem mulher?
O estudo é baseado na taxa de fertilidade, que está caindo entre as mulheres de vários países pesquisados. Um dos motivos é a diminuição do interesse da mulher no matrimonio. Segundo um levantamento da ONU, em 83 países e territórios, as mulheres já não têm filhas que as “substituam”. Ou seja, o número de crianças do sexo feminino é menor que o de mulheres adultas.
A revista The Economist deu um cenário. “Em Honk Kong, por exemplo, de 1 mil mulheres pode-se esperar o nascimento de 547 filhas, considerando as taxas de fertilidade de hoje.” Essas 547 meninas, no futuro, darão à luz 299 filhas. E assim por diante.
Pensei nos meus tatatata-ad infinitum-netos. Imagine: se a cada geração a proporção de mulheres diminui, logo haverá uma luta sangrenta pela chance de roubar o coração das preciosas que restarão na face da Terra. A sociedade inteira mudará. Passará a valorizar mais o sexo feminino e, por que não?, todo o resto.
Os padrões de beleza irão para o espaço. Dane-se se é bonita ou feia, meu chapa: é mulher! Ser casado talvez se tornará sinônimo de status e em breve – digamos, daqui não mais de 500 anos –, o matrimônio será abolido por ser considerado inconstitucional.
É o fim do mundo como o conhecemos.
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