No livro Profiles of the Future: An Inquiry into the Limits of the Possible (Perfis do Futuro: Um Inquérito dentro dos Limites do Possível) o escritor de ficção científica britânico Arthur C. Clarke formulou três leis que tratam da relação entre o homem e a tecnologia, são elas:

“1. Quando um cientista ilustre e experiente afirma que algo é possível, ele está quase sempre certo. Quando ele afirma que algo é impossível, ele está, muito provavelmente, errado.

2. O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível.
3. Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia.”

Se parar pra pensar, nós vivemos em um período da história absurdo de tão foda. Se pudéssemos voltar no tempo para, por exemplo, a década de 60, quando a exploração espacial era o grande fetiche da mídia e da população ocidental, as pessoas ficariam extasiadas com o ponto no qual chegamos.

Naquela época, cada progresso era acompanhado com entusiasmo pelos americanos e mesmo por nós que olhávamos de longe no Brasilzão da TV preto-e-branco. Desde o lançamento do primeiro foguete com combustível em 1926, por Robert Goddard, passando pela fundação da própria NASA em 1958, no governo de Richard Nixon, até os dias de hoje, muito foi pensado, repensado, colocado e removido da pauta da agência.

A NASA influenciou bastante a vida em terra firme. Centenas de invenções e pesquisas feitas pelos mais brilhantes cientistas, físicos e engenheiros do mundo serviram para tornar a nossa vida um pouco menos complicada. De aspiradores de pó a painéis de energia solar. De TVs de LED a lentes à prova de arranhões. De câmeras de celular a comida de bebê.

Mas, para isso acontecer, alguém teve de parar e contemplar, fazer o exercício de imaginar. Não com o que já havia pronto, mas sonhar com algo sem precedentes e pensar: como tornar viável o impossível?

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Uma dessas pessoas foi o físico Gerard O’ Neill que, com a ajuda do Centro de Pesquisa da NASA em Ames e da Universidade de Stanford, visualizou, na década de 1970, com detalhes, o que viria a ser um estudo sobre a possibilidade de seres humanos viverem em colônias orbitando pelo espaço.

Ele imaginou o que poderia ser uma colônia de cerca de 10.000 habitantes e o resultado foi colocado em artes conceituais que estão disponíveis em domínio público.

Esses estudos são conhecidos como Cilindro de O’ Neill. Cada um deles teria 8km de diâmetro e 32 km de comprimento. Além da parte técnica, o desafio proposto era criar um ambiente espacial no qual fosse desejável viver.

Esse objetivo me faz traçar um breve paralelo com certos problemas que enfrentamos nas cidades. Em São Paulo, por exemplo, ouço as pessoas comentando que quase não conseguem ver o céu ou o horizonte. Imediatamente, transportei isso para a ideia de viver em uma estação espacial cilíndrica. Como eu me sentiria se vivesse lá e, quando olhasse pra cima, numa cena digna do filme Inception, visse casas ao invés do azul do dia?

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Se, hoje, nesses tempos um pouco menos impressionáveis, a gente não dá muita bola para máquinas pisando em Marte, para os novos designs dos trajes espaciais ou para a ideia (agora considerada possível) de ter estações espaciais habitadas no planetinha vermelho – com direito a reality show. Ainda assim, temos muito o que agradecer a essas mentes que dedicam seu tempo imaginando soluções para tais ambições e fantasias humanas.

E, no caso de você achar que, realmente, esse esforço é irrelevante, pelo menos uma coisa precisa admitir: as ilustrações são bonitas pra caralho.

Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no <a>Youtube</a>