Nota: essa é a décima tira que estou fazendo, adaptando trechos do livro ‘Mente zen, mente de principiante’ do mestre zen Shunryu Suzuki em formato de história em quadrinhos. Você pode ver todas as anteriores aqui.
Lendo as primeiras tiras que fiz, a fala do Shunryu Suzuki pode parecer misteriosa, mas após lermos as dez tiras feitas até agora, pode ser que pelo menos algumas peças do quebra cabeça comecem a formar algum tipo de imagem.
Alguns temas se repetem, meio que se complementam e podemos começar a ter uma ideia do que ele está querendo dizer.
No capítulo ‘Respiração’, Suzuki toca novamente no tema da coemergência, tema central no budismo (veja também a tira ‘Ondas da mente‘).
Há um ensinamento em vídeo em que o Suzuki mostra bem a visão da coemergência no budismo:
“Os budistas entendem tudo, todos os barulhos, como um som que nós fazemos. Você pode dizer ‘O pássaro está cantando lá’. Mas nós pensamos, quando ouvimos o pássaro, o pássaro sou ‘eu’.
Eu sequer estou escutando o pássaro, o pássaro está aqui, na minha mente e eu estou cantando junto com o pássaro. ‘Pi-pi-pi’.
Quando você está lendo algo, se você pensa ‘O pássaro está lá. Bluejay [espécie de passaro da América do Norte] está no meu telhado. Bluejay está cantando e a voz dele não é tão boa’.
Quando você não se perturba pelo bluejay, ele vem direto ao seu coração, você será o bluejay e o bluejay estará lendo algo. Então o bluejay não perturba sua leitura. ‘O bluejay está lá. Bluejay não deveria estar no meu telhado’, quando você pensa dessa forma, isso é uma forma primitiva de entender o ser.”
É essencial observar o papel do mundo interno nas nossas percepções. O que percebemos como mundo exterior está completamente carregado de conceitos que fazem parte do nosso mundo interno. Nem os cientistas, com sua visão super objetiva, escapam disso!
Isso tem inúmeras implicações: muitos dos problemas que vemos “fora” só se resolvem realmente “dentro”. Assim, dá realmente pra dizer que o que vemos fora está realmente separado de nós?
Então, se não existe esse “lado de fora” objetivo, quem é este que nós chamamos de “eu”? (O tema do “eu” também aparece na tira Zuikan).
Pode parecer um pouco assustador questionar se o “eu” existe, mas pode ser também bastante libertador. Interessante que em momento algum ele diz que o “eu” de fato não existe.
Ele nos deixa com essa imagem curiosa da porta de vaivém. Incrível a linguagem do Suzuki.
Este “eu” não é tão sólido quanto parece, ele é maleável, como a porta de vaivém.
Oficina Desbloqueio do Desenho em São Paulo
Essa oficina é para todos, com pouca ou muita habilidade. Vamos trabalhar com a ideia de que desenhar é uma habilidade que se aprende e se desenvolve com a prática.
Ao contrário do que se pode imaginar, a dificuldade não é uma questão de habilidade motora, mas está ligada com a forma como enxergamos as coisas ao nosso redor.
Aprender a desenhar é também aprender a ver.
A oficina vai rolar no sábado, dia 05/12 no espaço d’O Lugar em Perdizes. Mais informações e inscrições pelo Cinese.
Agora você pode comprar prints de todas as tiras aqui do Mente de Principiante em tamanho grande! Elas são impressas em papel couché fosco 250g/m2, tamanho 42 x 29,7 cm.
Na lojinha também dá pra comprar os desenhos originais das tiras.
Comprando, você me ajuda a cobrir os gastos de um retiro que irei participar no CEBB Caminho do Meio em Viamão em fevereiro.
As tiras estão à venda na minha Likestore e tem duas formas de acessar,
pelo Facebook e pela web (pra quem não tem perfil no Facebook):
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