Compartilhei um sonho com muitas pessoas, desde a adolescência. O Tranze, banda que mantive junto a vários amigos que vieram e foram desde 2006, quando tivemos nosso primeiro ensaio.

Este ano de 2012 foi o mais ativo de todos para nós, enquanto banda. Resolvemos levar a sério. Passamos o primeiro semestre nos preparando com todo afinco, ensaiando bem mais do que costumávamos, aparando arestas, melhorando nossas composições e tudo mais o que faz parte do percurso de nos tornarmos músicos melhores.

Corro o risco de perder a modéstia, mas fico feliz em dizer que conseguimos melhorar muito neste período.

Chegamos a ficar bem mais satisfeitos com a nossa sonoridade, estávamos bastante confiantes e decidimos entrar no estúdio para fazer a pré-produção do álbum. Tudo isso por que tínhamos planos de gravar nosso primeiro disco até o mês de dezembro.

Pois bem, o álbum não virá. Também não virão novas músicas sob a marca Tranze. Nem novos shows, fotografias ou notícias.

É, acabou

Desde que fui morar em São Paulo, tornou-se inviável manter a banda na ativa, por todos os custos e dificuldades logísticas que a ponte São Paulo-Belém traz. E nosso guitarrista está com uma lesão grave no pulso (tendinite). Mal consegue tocar, sente muitas dores, o que torna pegar a guitarra uma grande tortura para ele.

Sinto que as causas e condições necessárias para a manutenção do projeto desapareceram. Digo isso com um grande pesar, pois por causa desta banda, fizemos ótimos amigos, tivemos momentos muito divertidos e escrevemos excelentes histórias para contar.

De repente, me senti na obrigação de dar uma satisfação sobre os últimos meses de banda e perspectivas para o futuro.

Enquanto Tranze, o futuro não virá. Porém, cada um de nós está na estrada, participando de outros projetos igualmente satisfatórios para cada um.

Contando com os bróders

O Júnior – guitarrista – está trocando de instrumento. Agora ele é vocalista e está cantando com bandas covers, fazendo gigs pela noite de Belém.

O Leonardo está tocando com o Muffino Blues, projeto de rock/blues autoral. Já confessou que tem planos de criar outras bandas seguindo linhas diversas.

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O Carlos casou-se dia 14 de dezembro, e nos deu o prazer de fazermos uma despedida, tocando juntos na cerimônia. Foi um dos momentos mais bonitos que já tivemos. Deixo aqui meu profundo agradecimento.

E eu (Luciano), estou voltando para São Paulo e pretendo montar um novo projeto musical. Não sei ainda de que natureza, nem com quem.

Aproveito a ocasião para postar a pré-produção do EP que depois se tornaria parte do nosso álbum, como uma forma de agradecer por estes anos de felicidade ao lado de cada um que contribuiu com elogios, críticas, frequentando os shows, tocando conosco em outros períodos ou simplesmente torcendo silenciosamente por nós.

Link Soundcloud | Gravado ao vivo no estúdio em 27/06/2012

Desde 2006 mantivemos este projeto que nada mais era do que uma grande desculpa para fazer esta outra coisa que fazíamos: cultivar uma amizade que só pode surgir do interesse de crescimento mútuo. E, pelo que vejo, esta separação é uma consequência até bastante natural, depois de tanto tempo. Brigamos bastante, tocamos muito mal, fizemos umas apresentações terríveis, mas também nos divertimos pra caralho. Tomamos muitas cervejas, jogamos conversa fora e, claro, de vez em quando demos umas dentro, seja com bons shows ou jams enlouquecidas no estúdio.

A impressão que pode ficar é a de que este é um sonho não realizado. Eu digo o contrário, digo que tudo aconteceu exatamente como deveria ser. É bom mudar, dar espaço para as mudanças e sentir-se feliz por elas estarem vindo. É melhor estar em movimento do que parado, pesado, preso.

Agora, só quero deixar uma coisa bem clara e ter a certeza de que os amigos que fizeram parte deste sonho saibam.

Tudo valeu a pena.

Obrigado.

Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no <a>Youtube</a>