Dizem as más línguas que os 17 álbuns do AC/DC são todos absolutamente iguais e indistinguíveis entre si.

Talvez seja exatamente por esse motivo que hoje, mais de 35 anos depois de formada, a banda australiana seja um dos maiores sucessos musicais do mundo. Por sinal, eles aportam no Brasil no mês que vem para um show fodástico.

Veja porque você deve quebrar seu porquinho e ir de qualquer jeito.

A primeira fase: High Voltage

A primeira faixa do primeiro álbum: cover do blues man Big Joe Williams

Foi lá pelo início dos anos 70, uma época amaldiçoada na música pelas firulas de Jimmy Page, que os irmãos Malcome Angus Young decidiram montar uma banda de rock and roll com a singela proposta de tocar rock and roll. É, apesar do caldeirão confuso da época, com direito a crise de petróleo e atentados terroristas mundo afora, os caras só queriam tocar o mesmo de sempre.

O primeiro disco, High Voltage, saiu em 1975 completamente isento de apelos pela legalização da maconha, liberação do Tibet ou manifestos pacifistas. Nos vocais estava um sujeito de voz tosca e cheia de energia: Bon Scott.

Diz a lenda que no início o guitarrista Angus, caçula da família Young, fugia da escola para tocar em bares com o irmão mais velho, por isso usava o uniforme da escola no palco. Na Wikipedia, conta-se uma história diferente. Era hábito da banda usar fantasias no palco até que descobriram isso não ser tão original assim. Só Angus, esse cabeça-dura hiper-ativo, continuou usando sua roupa da escola no palco. Por sinal, marca registrada até hoje.

“Highway to Hell” ao vivo (1979)

Esta fase da banda é marcada por tosqueiras e muito crescimento na base de fãs. Os discos são:

High Voltage (1975)

TNT (1975)

Dirty Deeds Done Dirt Cheap (1976)

Let There Be Rock (1977)

Powerage (1978)

Highway to Hell (1979)

A segunda fase: Back in Black

“For Those About to Rock (We Salute You)” | A música mais rock de todos os tempos?

Como todos sabem, poucas coisas definem mais a personalidade de alguém do que uma perda traumática. Foi o que ocorreu em 1979, quando o vocalista Bon Scott estupidamente morreu afogado no próprio vômito. A comoção mundial, pois a banda já era conhecida internacionalmente colocou em dúvida a própria existência da banda.

Muitos religiosos aproveitaram para culpar a brincadeira satanista de “Highway to Hell” pelo incidente. Mulherzinhas, todos eles.

Ao contrário de outras bandas sem saco roxo como Nirvana, Led Zeppelin e Legião Urbana, o AC/DC mostrou no incidente do que era feito. Em vez de se recolher ou aceitar a culpa, foi atrás de um substituto à altura e em 1980 lançou um dos melhores discos de rock and roll já produzidos: Back in Black.

O espírito vigoroso da banda está todo ali e a primeira música, “Hells Bells”, um petardo insolente, mostra muito bem quem é o pai do rock. O diabo, claro.

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“Hells Bells” em sua versão original (mas, na boa, fecha o YouTube e coloca o CD pra tocar)

O sucesso do disco foi estrondoso.

Foram mais de 49 milhões de cópias vendidas, colocando em segundo na lista dos discos mais vendidos de todos os tempos (perde apenas para Thriller, de Michael Jackson). Para se ter uma ideia, o disco mais vendido dos Beatles, Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band, atingiu 17 milhões de cópias distribuídas.

Esta fase teve apenas dois discos:

Back in Black (1980)

For Those About to Rock We Salute You (1981)

Terceira fase: Highway to Hell

“Shake Your Foundations”

A banda demorou para se curar da ressaca monumental do sucesso. Os álbuns subsequentes eram considerados mais do mesmo. Discos como Flick of the Switch e Who Made Who têm excelentes músicas, mas poucas memoráveis. Para quem se acostumou com o padrão de Back in Black, parecia uma queda.

Toda a década de 80 foi usada para se reinventar. Fazem parte desta fase os seguintes discos:

Flick of the Switch (1983)

Fly on the Wall (1985)

Who Made Who (1986)

Blow Up Your Video (1988)

Quarta fase: Ballbreaker

Após anos de labuta, numa espécie de revelação, os artistas descobriram que não precisavam mais lançar álbuns novos todos os anos. De fato, não precisavam lançar mais do que dois por década caso eles fossem bons mesmo.

O ponto de virada veio a partir do excelente Razor’s Edge e seus riffs rápidos, eletrizantes.

“Thunderstruck” ao vivo (1991) | Quer música melhor pra começar um álbum, um show ou um dia?

Na turnê deste disco foi gravado um dos registros ao vivo mais populares da década de 90, o AC/DC Live. Quem nunca teve esse disco nas mãos? Só eu comprei ele duas vezes (uma foi furtada de dentro do carro).

No entanto, na minha opinião de fã, a virada veio mesmo com Ballbreaker e sua pegada blues e ilustrações meio HQ. As músicas estão mais lentas, mas os vocais são pegajosos e os riffs bem trabalhados.

“The Honey Roll”: mais um puta riff

Depois dele, a cada lançamento, virou hábito dizer “Este é o melhor disco desde Back in Black“.

Fazem parte desta fase os seguintes discos:

The Razors Edge (1990)

Ballbreaker (1995)

Stiff Upper Lip (2000)

Black Ice (2008)

Quer colaborar?

Diga aí quais são suas músicas favoritas da banda e se gostou ou não do último disco.

Já adianto que gostei muito e escrevi este texto inteiro ouvindo Black Ice. “War machine”, em especial, é uma música fantástica:

“War machine” (2008)

Daniel Bender

Jornalista, Diretor de E-commerce e Caçador de Descontos no <a>1001 Cupom de Descontos</a>. Sempre disponível para conversar no boteco. "